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09/05/2003
-
23h10
da Agência Folha
Quase 15 anos depois da morte de Chico Mendes, o Ministério Público do Acre vai propor a instalação de inquérito complementar para investigar o envolvimento de outros suspeitos no assassinato do líder seringueiro.
Uma nova testemunha, que só deve prestar depoimento oficialmente na próxima semana, afirmou que o crime não foi tramado apenas pelos fazendeiros Darly e Darci _que, condenados pelo assassinato, estão atualmente em regime de semiliberdade.
Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, tinha 44 anos quando foi morto a tiros, em 22 de dezembro de 1988, no quintal de sua casa, em Xapuri (AC). O município recebe hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai visitar o túmulo do sindicalista.
O assassinato do líder dos seringueiros do Acre teve repercussão no exterior. Suas atividades em defesa dos recursos naturais da Amazônia provocavam confrontos com lideranças rurais e políticas da região.
Em 1991, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, foram condenados a 19 anos de prisão pelo crime. Os jurados concluíram que Darci matou Chico Mendes a mando de seu pai.
Os dois fugiram em dezembro de 1993 da penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco (AC), e foram recapturados pela Polícia Federal em 1996. Três anos depois, Darly conquistou o direito de cumprir sua pena em prisão domiciliar, e Darci, em regime semi-aberto (na Papuda, em Brasília).
O Ministério Público do Acre acredita que as informações trazidas pela nova testemunha indicam que o caso não está encerrado. Segundo a promotoria de Justiça, a testemunha é um preso que está sendo protegido e mantido sob sigilo.
A testemunha tem "credibilidade", na avaliação do Ministério Público, e suas informações citam um grupo de pessoas ainda não investigadas _entre elas, autoridades policiais_ como envolvidas no crime.
Mas o inquérito complementar só deve ser instalado após seu depoimento ser tomado oficialmente, o que ainda não ocorreu porque não havia delegados "de confiança" do Ministério Público disponíveis. A promotoria de Justiça acredita que a apuração do assassinato não foi completa, na época, por causa do envolvimento de autoridades coniventes com os fazendeiros na investigação.
A opinião é corroborada pela viúva do líder seringueiro, Ilzamar Gadelha Mendes, que preside a Fundação Chico Mendes, em Xapuri.
"Sempre achamos que o Darly não agiu sozinho", disse ela. "O Chico sabia do risco que estava correndo, procurou todas as autoridades competentes _o governador, o secretário de Segurança_ e citou o nome de muitas pessoas interessadas na morte dele."
Para ela, a condenação de Darly e Darci não foi suficiente. "É claro que eles são culpados, mas há outros suspeitos que nem sequer foram investigados", afirmou Ilzamar.
Ela lamentou o fato de os condenados não estarem atrás das grades e disse que viu Darly circulando por Xapuri há cerca de 20 dias. A Agência Folha não conseguiu entrar em contato com eles ou com seus advogados.
Ilzamar disse ainda que considera importante o prosseguimento da investigação. "Na época, houve conivência das autoridades. Acho que hoje, com o governo do PT, as coisas podem ser diferentes."
Ministério Público investiga novos suspeitos da morte de Chico Mendes
MAURO ALBANOda Agência Folha
Quase 15 anos depois da morte de Chico Mendes, o Ministério Público do Acre vai propor a instalação de inquérito complementar para investigar o envolvimento de outros suspeitos no assassinato do líder seringueiro.
Uma nova testemunha, que só deve prestar depoimento oficialmente na próxima semana, afirmou que o crime não foi tramado apenas pelos fazendeiros Darly e Darci _que, condenados pelo assassinato, estão atualmente em regime de semiliberdade.
Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, tinha 44 anos quando foi morto a tiros, em 22 de dezembro de 1988, no quintal de sua casa, em Xapuri (AC). O município recebe hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai visitar o túmulo do sindicalista.
O assassinato do líder dos seringueiros do Acre teve repercussão no exterior. Suas atividades em defesa dos recursos naturais da Amazônia provocavam confrontos com lideranças rurais e políticas da região.
Em 1991, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, foram condenados a 19 anos de prisão pelo crime. Os jurados concluíram que Darci matou Chico Mendes a mando de seu pai.
Os dois fugiram em dezembro de 1993 da penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco (AC), e foram recapturados pela Polícia Federal em 1996. Três anos depois, Darly conquistou o direito de cumprir sua pena em prisão domiciliar, e Darci, em regime semi-aberto (na Papuda, em Brasília).
O Ministério Público do Acre acredita que as informações trazidas pela nova testemunha indicam que o caso não está encerrado. Segundo a promotoria de Justiça, a testemunha é um preso que está sendo protegido e mantido sob sigilo.
A testemunha tem "credibilidade", na avaliação do Ministério Público, e suas informações citam um grupo de pessoas ainda não investigadas _entre elas, autoridades policiais_ como envolvidas no crime.
Mas o inquérito complementar só deve ser instalado após seu depoimento ser tomado oficialmente, o que ainda não ocorreu porque não havia delegados "de confiança" do Ministério Público disponíveis. A promotoria de Justiça acredita que a apuração do assassinato não foi completa, na época, por causa do envolvimento de autoridades coniventes com os fazendeiros na investigação.
A opinião é corroborada pela viúva do líder seringueiro, Ilzamar Gadelha Mendes, que preside a Fundação Chico Mendes, em Xapuri.
"Sempre achamos que o Darly não agiu sozinho", disse ela. "O Chico sabia do risco que estava correndo, procurou todas as autoridades competentes _o governador, o secretário de Segurança_ e citou o nome de muitas pessoas interessadas na morte dele."
Para ela, a condenação de Darly e Darci não foi suficiente. "É claro que eles são culpados, mas há outros suspeitos que nem sequer foram investigados", afirmou Ilzamar.
Ela lamentou o fato de os condenados não estarem atrás das grades e disse que viu Darly circulando por Xapuri há cerca de 20 dias. A Agência Folha não conseguiu entrar em contato com eles ou com seus advogados.
Ilzamar disse ainda que considera importante o prosseguimento da investigação. "Na época, houve conivência das autoridades. Acho que hoje, com o governo do PT, as coisas podem ser diferentes."
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