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13/05/2003 - 17h47

PMDB sinaliza apoio às reformas, mas adia acordo formal com governo

FELIPE FREIRE
RICARDO MIGNONE

da Folha Online, em Brasília

A reunião de hoje, em Brasília, entre o PMDB e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente formalizou o ingresso do partido na base do governo. Mesmo os descontentes com a aliança deixaram a reunião desta terça-feira com discurso afinado pela aprovação das reformas constitucionais.

O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), um dos principais opositores à entrada no governo, afirmou que a consolidação da aliança vai depender de uma consulta à Executiva Nacional e ao Conselho Político do PMDB.

"Na minha fala [durante o almoço] eu tive a oportunidade de mencionar que boa parte do partido, naturalmente, deseja uma aliança mais sólida com o governo e que eu iria percorrer as instâncias partidárias para ver se se elas decidiam por uma aliança. Caso contrário, nós teríamos a decisão pelo apoio às reformas", disse Temer.

Ele informou que a reunião da Executiva deverá acontecer já na próxima semana e a do Conselho Político no dia 28 deste mês. Temer fez questão de deixar claro que o partido terá que seguir a decisão da maioria. Para ele, em no máximo 20 dias o PMDB fechará questão sobre a participação no governo.

Apesar de o senador Amir Lando (PMDB-RO) ter sido confirmado hoje como o novo líder do governo no Congresso, Temer afirmou que a escolha ainda dependerá de um referendo da Executiva e do Conselho. "A questão do senador Amir Lando é do Senado, mas vai depender desse referendo", declarou.

Enquanto uma ala ainda dá sinais de resistência, Lando já fala como líder. "O PMDB não poderia falhar em um momento histórico", disse ele, referindo-se à discussão das reformas.

Entre os defensores mais antigos da aliança, como o líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), permanece a idéia de que o partido precisa tomar a decisão o mais rápido possível, de preferência pela união. "O partido não terá novamente crise existencial. Isso não vai marcar a imagem nacional do PMDB. No governo o partido pode unir forças; fora do governo o PMDB pode ficar em frangalhos."

Para Calheiros, a correlação entre o governo e a legenda está clara.

De acordo com o senador alagoano, em qualquer que seja a instância da decisão, os favoráveis à composição com o governo são a maioria. Pelos cálculos do líder na Câmara, Eunício Oliveira (CE), 80% dos 69 deputados peemedebistas apóiam e quase a unanimidade dos senadores também.

Antes mesmo da formalização da união, a base ganhará amanhã um novo integrante. O ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso no Senado, Romero Jucá (RR), trocará o PSDB pelo PMDB.

"Eu era líder de um governo que defendia a estabilidade e as reformas. A postura que eu defendia no governo FHC é defendida de forma mais radical pelo Lula", disse Jucá, que foi elogiado pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "Ele é um grande articulador", disse o petista, sorridente.

Além de Jucá, outros três senadores devem se filiar ao PMDB. Um deles virá do PFL, provavelmente a senadora Roseana Sarney (MA), ligada naturalmente ao pai, José Sarney, um dos principais articuladores do acordo com o governo.

Mesmo conseguindo dobrar alguns opositores, o governo ainda ouviu parlamentares que mantém a posição contrária ao acordo. O deputado Geddel Vieira Lima (BA) continuou liderando o discurso contra. "O presidente foi extremamente elegante, gentil e charmoso, mas isso não me faz mudar de opinião. Apoiar reformas sempre. Agora isso não significa nenhum desejo de participar de um governo que não ajudei a eleger", afirmou.
 

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