Grupo pró-Tião registra candidatura para sinalizar que irá para a disputa contra Sarney

Líderes de seis partidos da base aliada do governo registraram oficialmente nesta quarta-feira a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado. O prazo para o registro das candidaturas se encerra no momento das eleições (dia 2 de fevereiro), mas o grupo pró-Tião decidiu antecipar-se para mostrar que não haverá recuo na candidatura do petista.

"É uma candidatura irreversível. Não é uma candidatura de confronto, a nossa posição é fortalecer a autonomia do Senado", disse a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC). Os seis partidos que declararam apoio a Tião --PT, PSB, PR, PRB, PSOL e PDT --reúnem 25 senadores. Para se eleger presidente, o candidato precisa de pelo menos 41 votos.

Tão argumenta, porém, que vai contar com votos de senadores do PSDB, DEM e PMDB mesmo que as três legendas formalizem o apoio à candidatura de José Sarney (PMDB-AP). "Eu estou brigando para ter o apoio de pelo menos mais dois partidos da base aliada [PC do B e PP] e ampliar meus votos no PMDB, DEM e PSDB, respeitando a inclinação unitária dentro do PSDB", afirmou.

O senador diz contabilizar 36 votos em seu favor, enquanto Sarney teria 37. O petista, no entanto, trabalha com a migração de votos para os dois candidatos. "As conversas estão andando e eu sigo com um otimismo realista."

O petista disse que vai procurar pessoalmente parlamentares que não retornaram a Brasília numa espécie de "périplo" na próxima semana em vários Estados. "A minha luta é muito consistente. Estou preparado para disputa no voto, estou preparado para uma disputa difícil", afirmou.

Campanha

O mote da campanha de Tião para a presidência do Senado é a renovação, já que o senador argumenta que Sarney tem o apoio de forças "conservadoras"da Casa --como o ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). "Há forças políticas no Senado, é a busca da renovação contra a luta de conservadores na Casa", disse.

Sem esconder a mágoa de Sarney, Tião disse que acreditou na palavra do peemedebista de que não se laçaria candidato à presidência. O peemedebista teria negado, em pelo menos cinco ocasiões, a sua disposição em concorrer ao cargo --mas voltou atrás esta semana.

No documento de registro da candidatura, os líderes dos seis partidos que apoiam Tião afirmam que o petista vai traduzir no Senado o "compromisso com a democracia e com as prerrogativas constitucionais do Congresso, trazendo uma proposta de fortalecimento do Poder Legislativo, de valorização dos partidos políticos e de efetivação das reformas reclamadas pela sociedade".