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25/05/2003 - 05h15

"Protecionismo nos rouba mercados", diz Lula

Do enviado especial da Folha de S.Paulo a Cuzco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou duramente o protecionismo comercial dos países industrializados no discurso que encerrou a 17ª Cúpula do Grupo do Rio: "Não podemos aceitar os subsídios agrícolas milionários, as medidas de defesa comercial arbitrárias e o protecionismo disfarçado que nos roubam mercados e nos impedem de colher os frutos do nosso trabalho".

"O espírito de conciliação e a cultura de tolerância são traços marcantes da ação de nosso grupo. Mas não podemos compactuar com as trágicas consequências das graves carências sociais em matéria de alimentação, saúde e educação que ainda afligem grande parte da nossa população. É inadmissível que continue havendo fome, ainda mais em meio a tanta abundância", declarou.

Antecipando a pauta que pretende levar à reunião do G8 (grupo dos sete países mais ricos mais a Rússia), Lula fez um apelo. "Os países desenvolvidos têm uma parcela fundamental de responsabilidade na promoção de uma globalização mais equilibrada que afaste de vez este flagelo. Esperamos que o G8 ampliado, convocado pelo presidente Chirac seja um sinal de que nossa voz venha ser ouvida e de que os países ricos estejam dispostos a mudar seu comportamento", afirmou.

Nesse trecho, Lula disse que esperava poder falar também em nome do presidente do México, Vicente Fox, que também participará da reunião em 1º de junho. Fox acenou com a cabeça, concordando com Lula. A 17ª Cúpula Presidencial do Grupo do Rio se encerrou no parque arqueológico de Saqsaywaman. O presidente Lula discursou como o anfitrião da próximo cúpula a ser realizada no ano que vem no Brasil.

Em um espaço aberto numa colina usada pelos incas para cultuar o "deus Sol", os 11 chefes de Estado e de governo encerraram o encontro descontraidamente. Os mandatários se atrasaram por quase uma hora para o início da solenidade porque o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não saía de seu quarto. Todos ficaram esperando por ele no pátio do Hotel Monastério, onde se hospedaram. Nesse momento, Fox e Álvaro Uribe (Colômbia) pediram para tirar fotos com Lula.

Anteontem, Cuzco sofreu um abalo sísmico de 4,7 pontos na escala Richter, que vai até 9. O epicentro do terremoto foi numa região ao sul de Cuzco. Não houve feridos nem destruição. Apenas leves tremores foram sentidos.

Lula participava de uma reunião de trabalho com os demais presidentes na hora do abalo sísmico. "Vi o lustre balançando, mas fiquei calmo. Não achei que iria acontecer algo pior", disse ele, que, pela primeira vez, passou por uma experiência como essa.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, classificou de "muito interessante" a proposta do presidente do Peru, Alejandro Toledo, de tentar convencer os credores latino-americanos a reinvestir 20% do total pago em juros da dívida externa em obras de infra-estrutura nos países latino-americanos.

"O uso de alguma maneira do pagamento do serviço da dívida -que vai ser pago, ninguém quer perdão nesse caso-, mas poderia ser usado para projetos de infra-estrutura. Isso é interessante, mas ainda não chegou a haver uma discussão aprofundada sobre o tema", afirmou o chanceler.

Amorim evitou comprometer-se totalmente com idéias apresentadas pelo Peru, como a criação de um mecanismo de compensação que permita a redução do pagamento da dívida externa em épocas de recessão.

 

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