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04/06/2003 - 22h07

Frei Beto diz que é mais fácil erradicar a fome do que a corrupção

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Caucaia (CE)

"Erradicamos a fome, mas acredito que não vamos erradicar o pecado original", disse hoje em Caucaia (CE) Frei Betto, assessor especial da Presidência da República e coordenador da mobilização social do Fome Zero, ao referir-se a possíveis tentativas de fraude no programa.

Para ele, há risco de "malandragem" em tudo, não apenas em programas sociais. Frei Betto afirmou que, em caso de denúncia, quando necessário, até a Polícia Federal poderá ser acionada.

O coordenador das ações do Cartão Alimentação, Aldenor Gomes da Silva, afirmou anteontem à Agência Folha que já foram identificados secretários de município e vereadores no cadastro único utilizado pela Caixa Econômica Federal para pagar os benefícios sociais no país. Essas pessoas --que ele não soube revelar os nomes-- chegaram a receber pelo menos durante um mês os R$ 50 do programa Fome Zero.

Em média, segundo ele, 10% dos cadastrados têm renda acima de meio salário mínimo (R$ 120) per capita, valor definido como o teto para a família receber o Fome Zero. Os comitês gestores do programa nos municípios estão corrigindo as falhas herdadas do cadastro único, criado ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Os municípios que passarem a integrar o programa a partir de agora só receberão recursos depois de feita uma primeira triagem da lista pelos próprios comitês para evitar fraudes muito evidentes.

Frei Betto participou ontem do 1º Encontro Regional do Semi-árido Nordestino, em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, que reúne representantes de 10 Estados, para organizar a mobilização e a capacitação social para o Fome Zero. O encontro vai até amanhã. O Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar estima que, até agosto, haverá 43 mil pessoas engajadas no processo de formação cidadã em todo o semi-árido nordestino.

Frei Betto afirmou que a discussão sobre um novo cadastro único está entre as questões que serão decididas pelo grupo encabeçado pela engenheira Miriam Belchior, assessora da Presidência ligada ao ministro José Dirceu (Casa Civil) escolhida para unificar as políticas sociais do governo federal.

Outro desafio do grupo, muito elogiado por Frei Betto, será a gerência do que ele chamou de "Sivam social do Brasil", que é o mapeamento da fome que já começou a ser feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para identificar um critério único de pobreza no país.

"Havia a necessidade de articular melhor as políticas do governo, até porque são políticas do governo, não de ministérios", disse.

Outra proposta citada por Frei Betto é a informatização do programa, em que seria disponibilizado para cada comitê gestor, em cada município, um computador conectado à internet, para melhorar a intercomunicação entre os participantes do projeto.
 

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