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17/06/2003 - 21h09

Delegado da PF é preso por liberar informações sigilosas do caso Banestado

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza

O delegado Paulo Cauby Batista, da Polícia Federal do Ceará, foi preso hoje de manhã pela própria PF sob a acusação de passar informações sigilosas para o doleiro Alexander Diógenes Ferreira Gomes, o "Alex", investigado por lavagem de dinheiro no caso Banestado.

O mandado de prisão contra Batista é a primeira ação da nova vara da Justiça Federal que irá cuidar especificamente de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, como a lavagem de dinheiro. A vara, chefiada pelo juiz Danilo Fontenele, foi inaugurada anteontem e é a primeira do Nordeste _já estão funcionando outras como esta em Porto Alegre e Curitiba.

O juiz Fontenele concedeu mandado de busca e apreensão de documentos e computadores na casa de Batista. Também já foi pedida a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do delegado e o levantamento dos bens dele, para verificar se eles são compatíveis com o salário de R$ 7.500.

Segundo nota divulgada pelo superintendente da Polícia Federal no Estado, Bergson Toledo, as provas obtidas no inquérito são "contundentes e suficientes" para incriminar Batista por envolvimento com o crime organizado.

Batista passou o dia de ontem prestando depoimento ao delegado Fernando Peres, cedido pela PF de Alagoas especificamente para essa investigação. A PF não informou se o acusado nega ou admite o crime. Até o início da noite, não havia um advogado de defesa do caso.

Segundo o procurador da República Fernando Braga, o nome de Batista foi identificado por acaso durante uma perícia em computadores de Alex. "Havia troca de mensagens entre os dois", disse o procurador. Boa parte da investigação está sendo mantida sob sigilo.

A suspeita de que havia vazamento de informações sigilosas surgiu, segundo a nota do superintendente da Polícia Federal, porque muitas investigações acabaram tendo "resultados inócuos" sem explicação.

Batista chefiava a Delegacia de Polícia Marítima e Aérea de Fronteira e está na Polícia Federal há 21 anos. Dependendo das investigações, ele poderá até mesmo ser expulso da polícia. Ele não era responsável pelas investigações de lavagem de dinheiro, que ficam com a Delegacia de Combate ao Crime Organizado.

O nome de Alex está entre os envolvidos no caso Banestado, em que remessas feitas por meio de contas CC-5, destinadas a depósitos fora do país, estão sendo investigadas sob suspeita de lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações do Ministério Público Federal, o doleiro estaria relacionado a duas empresas "offshore" que teriam movimentado juntas US$ 575 milhões entre 1996 e 1997. A polícia e o Ministério Público suspeitam que a maior parte desse dinheiro se origine de atividades ilícitas, como corrupção, contrabando e narcotráfico.

São investigadas 137 contas que tiveram maior movimentação na agência nova-iorquina do Banestado, alimentadas por milhares de remessas do Brasil feitas por contas CC-5.
 

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