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20/06/2003
-
07h24
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Apesar das resistências a seu nome --muitas delas veladas--, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) deverá ser eleito na próxima quarta-feira presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Mista do Congresso criada para apurar a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais de 1996 a 2002 por meio das chamadas contas CC-5.
Como o governo Lula não quer patrocinar uma eventual derrota de Antero Paes de Barros no plenário da comissão, o que traria um confronto com a oposição, a eleição do tucano somente será evitada se o PSDB recuar na indicação. Há pressão --inclusive de setores do PFL-- nesse sentido.
As divergências ao nome de Barros serão levadas por líderes partidários em reunião na terça-feira com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Por enquanto, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), mantém a indicação, com respaldo do líder do PFL, José Agripino (RN). Os dois partidos formam o bloco de oposição no Senado.
"Quem poderia alterar a escolha é o PFL, por ser o partido majoritário do bloco de oposição. Mas eu reafirmo o apoio ao nome dele. Ele foi autor do requerimento e há um compromisso com sua escolha", afirmou Agripino.
"Ele merece totalmente nossa confiança. Se o PT vetar o seu nome, estará me dando o direito de vetar qualquer indicação do PT", afirmou Arthur Virgílio.
Indicação
O líder do governo no Senado Federal, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que a indicação do bloco será aprovada, "embora haja resistências, sobretudo no bloco de oposição".
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), de quem partiu a principal resistência ao tucano por ter disputado com ele a iniciativa de propor a investigação, afirmou que a provável eleição de Barros não a impedirá de operar na CPI.
Na própria quarta-feira, ela apresentará requerimento convocando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para explicar o impasse entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil, que está dificultando a investigação de contas bancárias nos EUA supostamente utilizadas para a lavagem de dinheiro. Como forma de recompensá-la por não ocupar nenhum cargo na CPI e ainda ver seu concorrente na presidência, o PT reivindica para ela a vice-presidência da CPI.
"A esta altura, a escolha é irreversível. Se, por acordo, a indicação coube ao bloco da oposição, seria uma falta de respeito rejeitá-lo. Seria estapafúrdio e humilhante", disse o líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM).
O cargo de relator ficou com o PT da Câmara, que indicou o deputado federal José Mentor (SP), homem da confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil).
As ressalvas ao nome de Barros são de diferentes naturezas. De um lado, ele é considerado por alguns colegas como intempestivo, com gosto pelos holofotes e sem o equilíbrio necessário para a condução de uma investigação que envolve questões políticas e econômicas delicadas.
O senador tucano também não tem a simpatia de pefelistas aliados ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA), com quem teve divergências públicas durante as investigações realizadas no Senado contra o senador baiano.
Entre petistas, especula-se que o PSDB e o PFL indicaram Barros apostando em uma condução confusa dos trabalhos, porque os dois partidos seriam os maiores interessados em prejudicar a investigação. Há rumores de que políticos tucanos e pefelistas poderiam ter envolvimento com a evasão ilegal de divisas.
A CPI Mista foi instalada na última quarta-feira. As resistências ao nome de Antero Paes de Barros provocaram o adiamento da eleição do presidente pelo plenário. O relator só será formalizado após a eleição do presidente.
Com 120 dias de prazo para apurar a evasão ilegal de divisas, a comissão tem 17 senadores (6 do bloco PFL-PSDB, 5 do bloco PT-PSB-PTB-PL, 4 do PMDB, 1 do PDT e 1 do PPS) e 17 deputados (3 do PT, 3 do PFL, 2 do PMDB, 2 do PSDB e uma vaga para cada um dos seguintes partidos: PP, PTB, PL, PSB, PPS, PDT e PC do B).
Governo recua, e tucano deve presidir CPI
RAQUEL ULHÔAda Folha de S.Paulo, em Brasília
Apesar das resistências a seu nome --muitas delas veladas--, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) deverá ser eleito na próxima quarta-feira presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Mista do Congresso criada para apurar a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais de 1996 a 2002 por meio das chamadas contas CC-5.
Como o governo Lula não quer patrocinar uma eventual derrota de Antero Paes de Barros no plenário da comissão, o que traria um confronto com a oposição, a eleição do tucano somente será evitada se o PSDB recuar na indicação. Há pressão --inclusive de setores do PFL-- nesse sentido.
As divergências ao nome de Barros serão levadas por líderes partidários em reunião na terça-feira com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Por enquanto, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), mantém a indicação, com respaldo do líder do PFL, José Agripino (RN). Os dois partidos formam o bloco de oposição no Senado.
"Quem poderia alterar a escolha é o PFL, por ser o partido majoritário do bloco de oposição. Mas eu reafirmo o apoio ao nome dele. Ele foi autor do requerimento e há um compromisso com sua escolha", afirmou Agripino.
"Ele merece totalmente nossa confiança. Se o PT vetar o seu nome, estará me dando o direito de vetar qualquer indicação do PT", afirmou Arthur Virgílio.
Indicação
O líder do governo no Senado Federal, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que a indicação do bloco será aprovada, "embora haja resistências, sobretudo no bloco de oposição".
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), de quem partiu a principal resistência ao tucano por ter disputado com ele a iniciativa de propor a investigação, afirmou que a provável eleição de Barros não a impedirá de operar na CPI.
Na própria quarta-feira, ela apresentará requerimento convocando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para explicar o impasse entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil, que está dificultando a investigação de contas bancárias nos EUA supostamente utilizadas para a lavagem de dinheiro. Como forma de recompensá-la por não ocupar nenhum cargo na CPI e ainda ver seu concorrente na presidência, o PT reivindica para ela a vice-presidência da CPI.
"A esta altura, a escolha é irreversível. Se, por acordo, a indicação coube ao bloco da oposição, seria uma falta de respeito rejeitá-lo. Seria estapafúrdio e humilhante", disse o líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM).
O cargo de relator ficou com o PT da Câmara, que indicou o deputado federal José Mentor (SP), homem da confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil).
As ressalvas ao nome de Barros são de diferentes naturezas. De um lado, ele é considerado por alguns colegas como intempestivo, com gosto pelos holofotes e sem o equilíbrio necessário para a condução de uma investigação que envolve questões políticas e econômicas delicadas.
O senador tucano também não tem a simpatia de pefelistas aliados ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA), com quem teve divergências públicas durante as investigações realizadas no Senado contra o senador baiano.
Entre petistas, especula-se que o PSDB e o PFL indicaram Barros apostando em uma condução confusa dos trabalhos, porque os dois partidos seriam os maiores interessados em prejudicar a investigação. Há rumores de que políticos tucanos e pefelistas poderiam ter envolvimento com a evasão ilegal de divisas.
A CPI Mista foi instalada na última quarta-feira. As resistências ao nome de Antero Paes de Barros provocaram o adiamento da eleição do presidente pelo plenário. O relator só será formalizado após a eleição do presidente.
Com 120 dias de prazo para apurar a evasão ilegal de divisas, a comissão tem 17 senadores (6 do bloco PFL-PSDB, 5 do bloco PT-PSB-PTB-PL, 4 do PMDB, 1 do PDT e 1 do PPS) e 17 deputados (3 do PT, 3 do PFL, 2 do PMDB, 2 do PSDB e uma vaga para cada um dos seguintes partidos: PP, PTB, PL, PSB, PPS, PDT e PC do B).
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