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24/06/2003 - 21h03

Oposição contesta discurso de Lula sobre papel do Congresso nas reformas

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

Deputados da oposição contestaram a afirmação feita hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o Congresso Nacional e o Poder Judiciário não impedirão o governo de aprovar os projetos necessários para o desenvolvimento do país. Lula foi chamado de truculento e recebeu conselhos sobre suas costumeiras improvisações em discursos.

As declarações de Lula foram feitas durante discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria).

A vice-líder do PSDB na Câmara, deputada Rose de Freitas (ES), afirmou que Lula precisa tratar os demais poderes com respeito e que o presidente não pode atropelar o Legislativo e o Judiciário.

"Todos os pronunciamentos dele [Lula] têm sido muito truculentos. A palavra atropelo não existe no processo democrático. A todo momento que ele depara com o conflito ele fala: ou é do jeito dele ou não é. O presidente tem que mudar o tom. Assim não dá", disse.

No discurso, feito durante uma solenidade na CNI Lula disse, entre outras coisas, "que não tem cara feia, nem Congresso Nacional, nem poder Judiciário que impeçam o Brasil de ocupar o lugar de destaque que nunca deveria ter deixado de ocupar."

Já o vice-líder do PFL, Roberto Brant (MG), preferiu aconselhar Lula a tomar cuidado com as palavras que diz de improviso nos discursos.

"Um presidente, um estadista deve ter cuidado com as palavras ditas de improviso. O Lula usa muito o improviso. A gente tem que dar um desconto", afirmou Brant, que não entendeu nenhuma ofensa ao Congresso. "No Judiciário é outra coisa", provocou o pefelista.

As relações entre os magistrados e o governo andam meio estremecidas devido à reforma da Previdência. Ontem, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, entregou ao ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, uma proposta alternativa de reforma que cria regras diferenciadas para os magistrados.

Seriam mantidas, por exemplo, a integralidade da aposentadoria e a paridade de reajuste salarial entre ativos e inativos. Berzoini já declarou que não haverá Previdência exclusiva para os juízes.

Outro deputado que alertou Lula quanto ao teor de seus discursos de improviso foi Luiz Carlos Hauly (PR), também vice-líder do PSDB. "Nós estamos em um momento em que quanto mais se coloca lenha mais o fogo pega. O Lula fala uma coisa um dia, depois diz outra. Se pegar o que ele diz ao pé da letra fica difícil", afirmou.

Já ganharam notoriedade as gafes de Lula durante os discursos de improviso. No último dia 10 de março, ao agradecer a doação de um caminhão para o programa Fome Zero, ele chamou a Daimler-Crysler de Ford.

Em maio, Lula causou mal-estar durante solenidade no Palácio do Planalto, ao chamar de "loucos" os portadores de deficiência mental. A última gafe de improviso do presidente aconteceu na semana passada. Lula chamou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de seu "sucessor" ao invés de antecessor.
 

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