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28/06/2003 - 00h14

Investigação aponta que Assembléia do MT emitia cheque para "laranjas"

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Uma investigação do Ministério Público Estadual aponta que cheques da Assembléia Legislativa de Mato Grosso foram emitidos para "laranjas" ou empresas inativas para desviar dinheiro público.

O promotor de Justiça Roberto Aparecido Turin, que atua no combate ao crime organizado no Estado, afirma que, da análise de R$ 7 milhões em cheques emitidos no ano de 2000, pelo menos R$ 6,3 milhões foram desviados por meio de "laranjas".

Os deputados José Riva e Humberto Bosaipo, ambos sem partido e respectivamente presidente e ex-presidente da Assembléia, são responsabilizados pelo esquema.

O lavrador Argemiro Ramos Borges, 44, que mora e trabalha em Bom Jesus (GO) desde 1978, aparece na relação de cheques como dono de comércio varejista de materiais esportivos, uniformes e de equipamento de informática em Cuiabá (MT). Bosaipo e Riva emitiram um cheque de R$ 73 mil para pagar por mercadorias que Borges teria vendido.
Em outro caso, a caixa de supermercado Diana Perin Quintana, 22, aparece nas contas da Assembléia Legislativa como beneficiária de um cheque de R$ 44.120.

O dinheiro teria sido pago pela compra efetuada no comércio de vestuário e comércio de bijuterias que Diana abriu apenas na Junta Comercial, pois nunca conseguiu montar a loja.

Em depoimento ao Ministério Público, Diana conta que entregou documentos da empresa a seu vizinho, o contador Joel Quirino Pereira. Ele é o servidor da Assembléia Legislativa acusado de cadastrar empresas inativas para emitir cheques.

A empresa Cláudia Moda Íntima, aberta por Maria Benedita Pereira da Paz, irmã de Quirino, era a destinatária de um cheque no valor de R$ 55 mil assinado por Riva e Bosaipo.

Mais uma vez trata-se do caso de uma loja que nunca funcionou. A empresa tinha outra finalidade na Junta Comercial totalmente diferente da venda de calcinhas e sutiãs. Era encarregada de treinamento gerencial e profissional.

Intimada a depor no Ministério Público, Maria Benedita disse ao promotor que somente fala em juízo. A reportagem não conseguiu encontrá-la.
Há casos ainda como o do hotel J.R de Paula, que foi beneficiado com R$ 285.742 em cheques da Assembléia Legislativa, mas cujos sócios possuem carteira de identidade de outras pessoas e, portanto, não foram localizados.

Protesto

Convocados para depor ontem na Justiça Federal como testemunha de acusação em processo de lavagem de dinheiro movido contra João Arcanjo Ribeiro, os deputados Riva e Bosaipo não compareceram. Eles já tinham faltado a outra audiência no dia 20.

Os dois se beneficiaram ontem de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília que permitiu a eles escolher nova data.
Um grupo de mulheres protestou contra a ausência dos deputados, vestindo calcinhas por cima das roupas em referência ao cheque de R$ 55 mil emitido para a empresa de moda íntima.

O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal em Cuiabá, determinou a quebra do sigilo bancário da Assembléia Legislativa para apurar crime de lavagem de dinheiro.

Riva e Bosaipo assinaram cheques de R$ 65.278.749,34 depositados na Confiança Factoring de Arcanjo. Preso em Montevidéu, no Uruguai, Arcanjo é acusado de comandar o crime organizado em Mato Grosso e de lavar dinheiro no Uruguai e nos Estados Unidos
 

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