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28/06/2003 - 07h18

Crise entre presidente da Infraero e PTB já ameaça a base governista

RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Cargos e dinheiro. Essa é a origem da crise que levou o PTB a desfiliar o presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), o ex-senador Carlos Wilson, e preocupa o governo pelo reflexo que pode ter na votação das reformas da Previdência e tributária.

A crise no PTB está sendo administrada com cuidado pelo Planalto. O partido tem sido um dos aliados mais fiéis nas votações do Congresso. O grupo que comanda a sigla, em guerra com Wilson, controla os votos de pelo menos 30 dos 48 deputados da bancada.

Apesar de o PTB afirmar que Wilson não mais representa o partido, o Planalto resolveu bancá-lo na presidência da Infraero.

Com um orçamento estimado para 2003 de R$ 1,2 bilhão, a Infraero tornou-se objeto da cobiça da classe política. O comando da empresa foi entregue ao PTB nas negociações que levaram a sigla a integrar a base de sustentação política do governo no Congresso.

Só em obras previstas para os aeroportos de Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ), Vitória (ES) e Goiânia (GO), devem ser gastos cerca de R$ 780 milhões.

Os problemas do ex-senador com o partido começaram com o loteamento dos cargos da empresa. Das três principais superintendências, Rio, Brasília e São Paulo, a sigla só preencheu a do Rio, uma indicação do líder Roberto Jefferson e do deputado Fernando Gonçalves. As outras ficaram para uma composição do PSDB com o PMDB de Minas (Brasília) e para o PT (São Paulo).

O PTB tem indicações para todo o país, mas várias caíram na triagem do Planalto. Isso contribuiu para acirrar os ânimos da cúpula petebista com Wilson, mas a gota d'água foi uma redução no valor das licitações que diretores e superintendentes da Infraero estavam autorizados a fazer.

Até maio passado, a diretoria de engenharia, superintendentes e gerentes tinham autonomia para licitar obras em valores que iam de R$ 3 milhões a R$ 37,5 milhões.

Um superintendente regional, cujo salário é de R$ 8.200, podia licitar até R$ 15 milhões. Um gerente de obra ou superintendente de aeroporto, até R$ 3 milhões. Com a mudança, esses valores foram reduzidos substancialmente: a diretoria de engenharia, por exemplo, que podia licitar até R$ 37,5 milhões, teve esse valor limitado a R$ 4,5 milhões.

Antes do PTB, Carlos Wilson esteve no PDS, no PSDB, no PPS e no PDT. A direção da sigla alegou que ele já não participava das reuniões do partido, além de ter opiniões divergentes, para justificar sua desfiliação, na quinta passada.
 

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