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08/07/2003 - 07h34

Banco Mundial impõe condição para ajuda

MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em troca de empréstimos de US$ 8 bilhões nos próximos quatro anos, o Banco Mundial apresentou novos capítulos à agenda de reformas do país com os seguintes alvos polêmicos: o financiamento da universidade pública, as deduções de gastos com saúde e educação no Imposto de Renda da classe média, a correção dos benefícios previdenciários e a multa de 40% sobre o saldo do FGTS no caso de demissões sem justa causa.

As propostas fazem parte do documento "Políticas para um Brasil Justo, Sustentável e Competitivo", cujo resumo foi submetido ontem a um primeiro debate no CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo o secretário-executivo do CDES, ministro Tarso Genro, "o novo "contrato social" em debate no governo Lula tende a incorporar parte da visão do Banco Mundial". "A visão do governo é fazer a modernização sem tirar direitos", disse Tarso.

O ministro criticou, porém, um dos pontos da agenda do banco: o fim da multa de 40% sobre o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) paga por empresários em caso de demissão sem justa causa. "Não é o caso. Precisamos encontrar outras formas de baratear a contratação e diminuir a informalidade [do emprego]", disse.

O diretor do Banco Mundial Vinod Thomas, presente ao debate, destacou a coincidência de visões com o governo Lula. Documento recente do Banco Mundial sobre a estratégia de assistência ao país já notava essa coincidência. "A questão-chave é: que políticas devem ser implementadas e como executá-las para realizar essa visão comum?", questiona o texto.

Metade dos US$ 8 bilhões previstos no novo pacote de assistência é referente aos chamados "empréstimos de ajuste". A outra metade se refere a investimentos. As reformas fiscal, administrativa e previdenciária do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) também contaram com esse tipo de apoio.

O documento do Banco Mundial deixa claras suas prioridades na contrapartida aos empréstimos. Uma delas é o aumento das matrículas no ensino médio. Ainda no tema educação, o banco avança na crítica à universidade pública gratuita: "Os gastos com o ensino superior beneficiam apenas poucos privilegiados".

A reforma dos gastos sociais no Brasil para beneficiar os mais pobres é uma antiga bandeira do Banco Mundial. Há quase dez anos, o banco defende a revisão do financiamento da universidade pública, assim como a reforma da Previdência do setor público.

Faz parte do documento a polêmica suspensão das deduções no Imposto de Renda de despesas com saúde e educação, em estudo pelo Ministério da Fazenda. Segundo o Banco Mundial, essas deduções beneficiam a classe média e deveriam ser substituídas por abatimentos no Imposto de Renda das empresas, para aumentar a contratação de mão-de-obra.

Na reforma da Previdência, tida como prioridade tanto pelo Banco Mundial como pelo governo, o documento discutido ontem fala em mudar a correção do piso dos benefícios sociais, atualmente indexados ao salário mínimo, como a aposentadoria rural. O texto fala também em aumentar a contribuição dos funcionários públicos civis à Previdência de 11% para 14%, entre outras propostas já presentes na emenda constitucional encaminhada pelo presidente Lula ao Congresso.
 

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