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24/07/2003
-
06h05
WILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Três semanas depois de receber o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e causar polêmica ao colocar o boné da entidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem representantes de 17 entidades ruralistas, aos quais disse, segundo relatos, que não permitirá ilegalidades e que os assentamentos serão feitos da forma possível, não como os sem-terra querem.
Além disso, Lula teria dito que a tensão no campo é fruto de uma "semente plantada" há algum tempo e que hoje "os assentamentos estão mais para Canudos que para Cocamar [cooperativa considerada padrão no Paraná]". A falta de infra-estrutura e viabilidade econômica atingiria 70% dos assentamentos.
"Os assentamentos serão feitos onde podem ser feitos, não onde eles [os sem-terra] querem que sejam feitos", disse Lula, de acordo com Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul e vice-presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil).
A reunião durou duas horas e foi pautada pela formalidade --com o MST, a audiência tinha sido descontraída. No início do encontro, Lula chegou a recomendar: "Se vocês não sorrirem [para as fotos], vai parecer que o clima está muito pesado".
Os participantes disseram que o assunto do boné do MST não foi abordado e que não trouxeram bonés de presente porque respeitam a liturgia do cargo.
Além das entidades --que representam 90% do PIB agropecuário brasileiro, segundo a CNA--, participaram os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
A UDR (União Democrática Ruralista) não compareceu e pediu uma audiência exclusiva.
Ainda segundo os relatos, Lula disse que o governo fará com que lei seja cumprida pelos dois lados. Questionada sobre o teor das frases, a assessoria do Planalto não confirmou nem desmentiu as declarações do presidente relatadas.
"O governo não fará nada fora da legalidade e não permitirá ilegalidade nem de um lado nem do outro porque o governo tem que exigir um processo de legalidade e de ordem jurídica", disse Lula, segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras.
Os ruralistas, por sua vez, pediram que o governo se esforce mais para que a lei que exclui da reforma agrária os invasores de terra seja mais bem executada.
Para eles, é necessário que as marchas e as invasões programadas dos sem-terra sejam acompanhadas e os militantes, identificados. Em entrevista no Planalto, o presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, aproveitou para criticar o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que não participou da reunião.
"Se eu fosse presidente, ele não seria meu ministro. Ele vem de uma linha filosófica que não quer a propriedade de maior porte, voltada para o agronegócio, e sim a familiar, que abastece a economia interna", disse Salvo, que diz criticar apenas "uma ou outra declaração infeliz" do ministro.
Quanto à atuação do governo, disse: "Não acho que o governo tenha tido ações fortes no campo, a não ser essas retóricas, simbólicas, um boné aqui e outro acolá". Salvo afirmou, em tom de brincadeira, que Lula é um produtor rural, pois é um "emérito administrador de pepinos e abacaxis".
Lula diz a ruralistas que não permitirá ilegalidades
LEILA SUWWANWILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Três semanas depois de receber o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e causar polêmica ao colocar o boné da entidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem representantes de 17 entidades ruralistas, aos quais disse, segundo relatos, que não permitirá ilegalidades e que os assentamentos serão feitos da forma possível, não como os sem-terra querem.
Além disso, Lula teria dito que a tensão no campo é fruto de uma "semente plantada" há algum tempo e que hoje "os assentamentos estão mais para Canudos que para Cocamar [cooperativa considerada padrão no Paraná]". A falta de infra-estrutura e viabilidade econômica atingiria 70% dos assentamentos.
"Os assentamentos serão feitos onde podem ser feitos, não onde eles [os sem-terra] querem que sejam feitos", disse Lula, de acordo com Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul e vice-presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil).
A reunião durou duas horas e foi pautada pela formalidade --com o MST, a audiência tinha sido descontraída. No início do encontro, Lula chegou a recomendar: "Se vocês não sorrirem [para as fotos], vai parecer que o clima está muito pesado".
Os participantes disseram que o assunto do boné do MST não foi abordado e que não trouxeram bonés de presente porque respeitam a liturgia do cargo.
Além das entidades --que representam 90% do PIB agropecuário brasileiro, segundo a CNA--, participaram os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
A UDR (União Democrática Ruralista) não compareceu e pediu uma audiência exclusiva.
Ainda segundo os relatos, Lula disse que o governo fará com que lei seja cumprida pelos dois lados. Questionada sobre o teor das frases, a assessoria do Planalto não confirmou nem desmentiu as declarações do presidente relatadas.
"O governo não fará nada fora da legalidade e não permitirá ilegalidade nem de um lado nem do outro porque o governo tem que exigir um processo de legalidade e de ordem jurídica", disse Lula, segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras.
Os ruralistas, por sua vez, pediram que o governo se esforce mais para que a lei que exclui da reforma agrária os invasores de terra seja mais bem executada.
Para eles, é necessário que as marchas e as invasões programadas dos sem-terra sejam acompanhadas e os militantes, identificados. Em entrevista no Planalto, o presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, aproveitou para criticar o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que não participou da reunião.
"Se eu fosse presidente, ele não seria meu ministro. Ele vem de uma linha filosófica que não quer a propriedade de maior porte, voltada para o agronegócio, e sim a familiar, que abastece a economia interna", disse Salvo, que diz criticar apenas "uma ou outra declaração infeliz" do ministro.
Quanto à atuação do governo, disse: "Não acho que o governo tenha tido ações fortes no campo, a não ser essas retóricas, simbólicas, um boné aqui e outro acolá". Salvo afirmou, em tom de brincadeira, que Lula é um produtor rural, pois é um "emérito administrador de pepinos e abacaxis".
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