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26/07/2003
-
07h13
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta acalmar os ânimos no campo, seu assessor especial, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, engrossa o coro do MST no Planalto e declara que a verdadeira violência no campo é o latifúndio.
m artigo comemorativo do Dia do Agricultor (25 de julho), intitulado "Terra encharcada de sangue", Frei Betto critica os opositores do movimento ao comparar a causa do MST à luta pela abolição da escravatura e à resistência ao regime militar.
"Hoje, é o MST o alvo de quem não suporta o clamor dos pobres e se cala diante de uma estrutura fundiária injusta. Onde anda a Justiça diante dos 21 que tombaram sob balas assassinas em Eldorado dos Carajás? A impunidade escancara as portas à criminalidade", diz Frei Betto no texto, que foi divulgado ontem no informe eletrônico quinzenal do MST.
Segundo Frei Betto, o artigo foi escrito há dois meses para a revista "Sem Fronteiras", publicação mensal cristã na qual escreve regularmente. Porém, disse que as opiniões expressadas são atuais.
"Violência é a existência do latifúndio. Violência é [haver] milhões de hectares improdutivos --áreas do tamanho de Luxemburgo-- em um país que tem milhões de pessoas passando fome", disse Frei Betto à Folha, ao ser questionado sobre a postura do governo em relação à questão.
Ele não quis comentar o discurso de quarta-feira de João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, no qual teria conclamado os 23 milhões de pessoas da luta camponesa para acabar com os 27 mil fazendeiros do país.
"Tenho excelente relação com o João Pedro", disse, lembrando que assessorou o MST até o fim de 2002 e que hoje faz o "meio-de-campo" com o Planalto.
Segundo ele, o presidente Lula está "tranquilo" porque a reforma será feita neste segundo semestre.
Vilões e pelourinho
No texto, Frei Betto critica a concentração de terras e diz que "muitos" ainda preferem entender que, neste país, "em se cercando, ninguém tasca".
"Há muita terra neste país para pouca gente. Basta dizer que 44% pertencem a apenas 1%. (...) São cerca de 15 milhões perambulando por estradas e acampamentos, teimando em sonhar que, entre tanta terra ociosa, hão de encontrar o pedaço de chão que os redima da indigência e do risco de favelização na cidade", diz o texto.
Frei Betto também elogia as atividades do MST e cita três prêmios recebidos pela entidade por seu trabalho social.
Sobre o regime militar, lembrou que os militantes de esquerda eram considerados "terroristas". "Hoje a história reconhece os verdadeiros vilões, aqueles que deram o golpe de Estado e instauraram a tortura e o desaparecimento de prisioneiros."
Frei Betto conclui o artigo avisando que 25 de julho será dia de mortes anunciadas "enquanto não houver uma reforma agrária e justiça que não pise no direito dos pobres. O Brasil não merece uma terra encharcada de sangue".
Frei Betto diz que latifúndio é violência
da Folha de S.Paulo, em BrasíliaEnquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta acalmar os ânimos no campo, seu assessor especial, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, engrossa o coro do MST no Planalto e declara que a verdadeira violência no campo é o latifúndio.
m artigo comemorativo do Dia do Agricultor (25 de julho), intitulado "Terra encharcada de sangue", Frei Betto critica os opositores do movimento ao comparar a causa do MST à luta pela abolição da escravatura e à resistência ao regime militar.
"Hoje, é o MST o alvo de quem não suporta o clamor dos pobres e se cala diante de uma estrutura fundiária injusta. Onde anda a Justiça diante dos 21 que tombaram sob balas assassinas em Eldorado dos Carajás? A impunidade escancara as portas à criminalidade", diz Frei Betto no texto, que foi divulgado ontem no informe eletrônico quinzenal do MST.
Segundo Frei Betto, o artigo foi escrito há dois meses para a revista "Sem Fronteiras", publicação mensal cristã na qual escreve regularmente. Porém, disse que as opiniões expressadas são atuais.
"Violência é a existência do latifúndio. Violência é [haver] milhões de hectares improdutivos --áreas do tamanho de Luxemburgo-- em um país que tem milhões de pessoas passando fome", disse Frei Betto à Folha, ao ser questionado sobre a postura do governo em relação à questão.
Ele não quis comentar o discurso de quarta-feira de João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, no qual teria conclamado os 23 milhões de pessoas da luta camponesa para acabar com os 27 mil fazendeiros do país.
"Tenho excelente relação com o João Pedro", disse, lembrando que assessorou o MST até o fim de 2002 e que hoje faz o "meio-de-campo" com o Planalto.
Segundo ele, o presidente Lula está "tranquilo" porque a reforma será feita neste segundo semestre.
Vilões e pelourinho
No texto, Frei Betto critica a concentração de terras e diz que "muitos" ainda preferem entender que, neste país, "em se cercando, ninguém tasca".
"Há muita terra neste país para pouca gente. Basta dizer que 44% pertencem a apenas 1%. (...) São cerca de 15 milhões perambulando por estradas e acampamentos, teimando em sonhar que, entre tanta terra ociosa, hão de encontrar o pedaço de chão que os redima da indigência e do risco de favelização na cidade", diz o texto.
Frei Betto também elogia as atividades do MST e cita três prêmios recebidos pela entidade por seu trabalho social.
Sobre o regime militar, lembrou que os militantes de esquerda eram considerados "terroristas". "Hoje a história reconhece os verdadeiros vilões, aqueles que deram o golpe de Estado e instauraram a tortura e o desaparecimento de prisioneiros."
Frei Betto conclui o artigo avisando que 25 de julho será dia de mortes anunciadas "enquanto não houver uma reforma agrária e justiça que não pise no direito dos pobres. O Brasil não merece uma terra encharcada de sangue".
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