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29/07/2003 - 22h12

Heloisa Helena diz que governo tem culpa nos conflitos agrários

CRISTIANO MACHADO
da Agência Folha, em Presidente Prudente

A senadora Heloisa Helena (PT-AL) disse hoje "não ter dúvida" de que o governo Lula possui "grande parcela" de culpa nos conflitos agrários atuais.

"Evidente que o caos na ausência do cumprimento do que se estabelece a Constituição é fruto de irresponsabilidade da elite política e econômica que há décadas se reveza no poder. Infelizmente nosso governo não teve ainda a responsabilidade de mexer na política econômica para que assim possa fazer aquilo que é constitucional, que é a reforma agrária", disse a senadora, que sofre ameaça de expulsão do PT.

As afirmações foram feitas ontem, antes de sua visita ao líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr., preso na penitenciária de Presidente Venceslau desde o dia 11.

Heloisa Helena defendeu invasões de propriedades improdutivas e terras devolutas. "Ocupar terras improdutivas é obrigação constitucional. Uma área que não cumpre função social tem que ser desapropriada", afirmou.

A senadora disse também que "não adianta choradeira" para justificar falta de verbas para assentar os sem-terra. Ontem, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) afirmou que o governo, por falta de verbas, poderá assentar neste ano 30 mil famílias, metade de sua meta inicial.

A petista defendeu como solução para o problema a modificação da política econômica para que haja recursos destinados à reforma agrária. "Essa política econômica é refém do FMI [Fundo Monetário Internacional] e leva, através da construção do superávit, do aumento do ônus da dívida, do contingenciamento, a não execução de políticas públicas e sociais."

Depois de uma visita de quase duas horas a Rainha e outro líder do MST preso, Felinto Procópio dos Santos, o Mineirinho, Heloisa Helena foi ao acampamento Jahir Ribeiro, em Presidente Epitácio. Maior da região, com mais de 4.000 famílias cadastradas, os sem-terra do local eram comandados por Rainha até a sua prisão.

Ela visitou o barraco de Natalino Donizete, onde parou para almoçar. Foi servida com macarrão, pernil de frango e salada. Vestida com a camisa do MST, dada por um militante, ela fez um discurso inflamado para uma platéia de aproximadamente mil pessoas, quando cobrou a liberdade dos líderes presos, considerando a prisão injusta e motivada por perseguição da Justiça.

Oitavo acampamento

Ontem, o MST montou seu oitavo acampamento em dois meses na região do Pontal do Paranapanema. Foi na cidade de Nantes (548 km a oeste de São Paulo).

Hoje, o acampamento contabilizava quase 20 barracos. Segundo o MST, atualmente há 5.000 famílias (cerca de 17 mil pessoas) acampadas na região.

Em Nantes, segundo a Polícia Militar, estão acampadas pouco mais de 50 pessoas. Elas ocuparam às margens de uma estrada municipal a menos de 1 km da rodovia Jorge Bassil Dover (SP-421), que liga Nantes a Taciba. A estrada dá acesso à Fazenda Bela Vista.
 

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