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08/08/2003 - 19h40

Sem-terra saqueiam mais dois caminhões em AL

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EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha,

Sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) voltaram hoje a saquear caminhões em Alagoas, no dia seguinte a uma ação do mesmo tipo ocorrida no Estado.

Cerca de 400 pessoas, segundo o Comando de Operações Especiais da Polícia Militar, bloquearam com pneus em chamas e pedaços de madeira as rodovias AL-220 e AL-115, nas imediações de Arapiraca (122 km de Maceió), perto de onde ocorrera a ação anterior.

Na primeira via, onde o saque ocorreu entre 9h e 10h, os sem-terra obrigaram o motorista Miguel Gomes Moura a seguir com o caminhão carregado com açúcar para um acampamento que fica perto do bloqueio.
Segundo a nota fiscal, a carga de 15 toneladas da Usina Caetés, que era transportada de São Miguel dos Campos para Major Isidoro, estava avaliada em R$ 9.800. O motorista foi mantido sob vigilância até as 10h30.

Na ação ocorrida na AL-115, por volta das 8h, os sem-terra saquearam uma carga de 1.904 caixas de Cremogema, no valor de R$ 38.983. Da mesma maneira, desviaram o caminhão do seu percurso e mantiveram o motorista Ivanildo Severino de Oliveira refém até que toda a carga fosse retirada do veículo.

De acordo com o capitão da PM Wand Berg de Oliveira Rodrigues, os motoristas relataram que nada lhes aconteceria, desde que não tentassem reagir aos saques. Rodrigues disse que as duas rodovias foram totalmente liberadas por volta das 11h30 e que desvios do tráfego feitos pela Polícia Rodoviária Estadual evitaram congestionamentos.

'Matar a fome' O coordenador estadual do MST Ercílio Leandro disse que os saques foram promovidos para "matar a fome" de acampados e pressionar o Incra pela liberação de 7.000 cestas básicas para os movimentos sociais ligados à questão agrária no Estado.

Questionado se não teme a criminalização do movimento em razão dos saques, disse que "não tem outro jeito, pois o pessoal não tem o que comer". "Temos de buscar [comida] onde tem."

O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Mário Agra Jr., condenou os saques. "Mesmo reconhecendo as necessidades dos movimentos, sou totalmente contra os saques e cobrança de pedágio", declarou.

Agra Jr. reconheceu que há um atraso de 15 dias na entrega das cestas, mas ressalvou que isso ocorreu por um problema no cadastramento dos beneficiários.

Ele disse que 15.300 cestas deverão ser liberadas até a próxima semana, cuja concretização, nas suas palavras, só depende dos trabalhos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Anteontem, sem-terra também ligados ao MST saquearam um caminhão com sete toneladas de derivados de milho. Na terça-feira, seis sem-terra ligados à CPT (Comissão Pastoral da Terra) foram presos ao bloquearem a rodovia AL-101. Eles foram identificados como líderes da ação, quando cobravam "pedágio" para liberar a passagem de veículos.

Em Mato Grosso, cerca de 1.400 sem-terra, segundo a Polícia Rodoviária Federal, bloquearam ontem por duas vezes a BR-163, na altura do município de Jangada (a 35 km de Cuiabá).

Com HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Campo Grande

 

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