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01/10/2003 - 22h06

Empresário que comprou fazenda da família de FHC afirma não temer invasões

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JOSÉ MASCHIO
THIAGO GUIMARÃES

da Agência Folha, em Londrina e Belo Horizonte

O empresário Luiz Carlos Figueiredo, 55, disse não temer invasões de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (722 km a noroeste de Belo Horizonte). A fazenda --que sofreu uma invasão do MST em março do ano passado-- foi vendida por filhos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Figueiredo disse que hoje um funcionário vai "receber" a fazenda, comprada, segundo ele, por R$ 3,5 milhões de, em três parcelas iguais.
"Esse pessoal do MST só entra em terra com problemas, vamos produzir com tecnologia, dentro das normas específicas para o tipo de solo da região. Não vou ter problemas com o MST", disse Figueiredo. Ele afirmou que a área, de 1.046 hectares, é propícia para o plantio de soja, milho e feijão.

Figueiredo disse que as negociações para a compra da fazenda se arrastaram "pela última semana, mas [o negócio] acabou sendo fechado". Ele possui propriedades em Mandaguari (norte do PR), onde mora, e em Goiás.

O comprador considerou o preço de R$ 3.346 por hectare atraente. Em Mandaguari, região produtora de soja e milho, o hectare é comercializado a um preço médio de R$ 17,5 mil.

O valor pago por Figueiredo é alto em relação a negócios que estão sendo fechados na cidade.

Para o corretor Manoel José Santos, 38, o conflito agrário no município também está afugentando compradores em potencial. "A rejeição às áreas aqui é muito grande."

Segundo Santos, a baixa procura reduziu o preço das terras em Buritis. "Uma fazenda para pecuária, beneficiada e com boa localização sairia normalmente por R$ 3.000 o hectare. Hoje você vai encontrar por R$ 1.500, R$ 2.000", afirmou.

No mês passado, o MST invadiu duas fazendas e as duas agências bancárias de Buritis. O município --alvo de sem-terra desde 1995-- tem ainda cinco assentamentos ligados ao movimento.

O corretor de imóveis Cláudio Ferreira, 41, disse ter recebido nesta semana em seu escritório oito pessoas interessadas em vender suas fazendas na cidade. "Todo dia chega gente aqui querendo vender", afirmou.
No ramo há dois anos e meio, ele diz dispor hoje de 50 propriedades para venda --o maior número desde que entrou no negócio. "Estão todos com medo. Ninguém ressarce os prejuízos causados pelas invasões."

O fazendeiro Antônio Folador, 68, é um dos que procurou o corretor esta semana. Natural de Erechim (RS), está em Buritis há 20 anos e colocou à venda 2.000 hectares de terras, a R$ 1.200 cada hectare. Diz que o medo dos sem-terra é o "fator principal" de sua decisão. "Estou pensando até em deixar o país."

O presidente do Sindicato Rural de Buritis, Délio Prado Lopes, disse que os produtores da região estão "desanimados". "O problema das invasões é sério. Muita gente quer vender, e os negócios estão parados". Lopes é dono de uma das fazendas invadidas pelo MST em setembro --a área foi desocupada na semana passada.

O MST, por sua vez, se exime de qualquer responsabilidade no caso. "[Os fazendeiros] estão usando essa desculpa [conflito agrário] para dispor as terras por preços altos", rebate Álvaro Alves Alcântara Júnior, um dos líderes do movimento no noroeste mineiro.
 

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