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30/08/2000
-
03h59
MALU GASPAR, da Folha de S.Paulo
A demora na localização do banqueiro Salvatore Cacciola, foragido do país há 38 dias, está deixando a Polícia Federal irritada com seus pares italianos. Cacciola, que está sendo processado no Brasil por crime contra o sistema financeiro, foi incluído há pouco mais de um mês na chamada "difusão vermelha" da Interpol, mas até agora não foi localizado.
O fato de um foragido ser incluído na "difusão vermelha" o coloca como prioridade nas buscas da entidade em todo o mundo. Assim como Cacciola, o juiz Nicolau também está nessa categoria. O juiz está foragido há 125 dias.
Cacciola ficou preso em janeiro por 37 dias, acusado de peculato e gestão fraudulenta, e fugiu do país quando teve sua prisão preventiva cassada por uma liminar do Supremo Tribunal Federal. A decisão foi depois revogada, mas o banqueiro já havia sumido. O tamanho do prejuízo à União -R$ 1,6 bilhão- foi um fator importante para a sua inclusão na lista.
Há pouco mais de 20 dias, o diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, foi à França conversar com a direção da Interpol munido de um dossiê com informações sobre os crimes dos dois. Saiu dizendo que obteve a promessa de "empenho máximo na localização" de Nicolau e Cacciola.
A PF elaborou, inclusive, um relatório de serviços prestados na busca e prisão de italianos no Brasil, como parte do jogo de pressão para tentar agilizar o processo de localização de Cacciola.
Segundo estimativas informais do Ministério da Justiça, a Itália é hoje o país que mais se utiliza dos tratados de extradição com o Brasil.
Entre todos os estrangeiros extraditados do Brasil, o maior número é de
italianos. Nos últimos dois anos, segundo a assessoria de imprensa da PF, seis italianos foram presos e extraditados.
Apesar de a PF afirmar que não há pistas sobre o banqueiro, o seu
advogado afirma que ele está em Roma, procurando um apartamento para alugar e se fixar na cidade. "Vamos fornecer à polícia o endereço definitivo dele, quando ele o tiver. Só não fizemos isso ainda porque ele está num endereço provisório. Na Itália nesta época tudo fecha e por isso ele não conseguiu ainda encontrar uma imobiliária para alugar apartamento", justifica José Carlos Fragoso, advogado de Cacciola no Rio de Janeiro.
A hipótese de o banqueiro estar na Itália sempre foi considerada a mais provável tanto pela polícia como pelos procuradores que investigaram o socorro financeiro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam.
Isso porque o fato de Cacciola ser cidadão italiano dificulta sua extradição para o Brasil. Há um tratado de extradição de presos com a Itália. O acordo prevê que, em caso de o procurado ser cidadão italiano ou brasileiro, a decisão de extraditar ou não cabe aos respectivos governos. Só que, na Itália, as leis não permitem a extradição de cidadãos.
Para que o pedido de extradição fosse ao menos feito (o que ainda não aconteceu), Cacciola precisaria ser encontrado e preso. O que se diz dentro da PF é que os italianos mostram boa vontade e empenho, mas que poderiam cuidar da questão com mais "carinho".
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PF reclama de lentidão da polícia italiana na procura de Cacciola
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A demora na localização do banqueiro Salvatore Cacciola, foragido do país há 38 dias, está deixando a Polícia Federal irritada com seus pares italianos. Cacciola, que está sendo processado no Brasil por crime contra o sistema financeiro, foi incluído há pouco mais de um mês na chamada "difusão vermelha" da Interpol, mas até agora não foi localizado.
O fato de um foragido ser incluído na "difusão vermelha" o coloca como prioridade nas buscas da entidade em todo o mundo. Assim como Cacciola, o juiz Nicolau também está nessa categoria. O juiz está foragido há 125 dias.
Cacciola ficou preso em janeiro por 37 dias, acusado de peculato e gestão fraudulenta, e fugiu do país quando teve sua prisão preventiva cassada por uma liminar do Supremo Tribunal Federal. A decisão foi depois revogada, mas o banqueiro já havia sumido. O tamanho do prejuízo à União -R$ 1,6 bilhão- foi um fator importante para a sua inclusão na lista.
Há pouco mais de 20 dias, o diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, foi à França conversar com a direção da Interpol munido de um dossiê com informações sobre os crimes dos dois. Saiu dizendo que obteve a promessa de "empenho máximo na localização" de Nicolau e Cacciola.
A PF elaborou, inclusive, um relatório de serviços prestados na busca e prisão de italianos no Brasil, como parte do jogo de pressão para tentar agilizar o processo de localização de Cacciola.
Segundo estimativas informais do Ministério da Justiça, a Itália é hoje o país que mais se utiliza dos tratados de extradição com o Brasil.
Entre todos os estrangeiros extraditados do Brasil, o maior número é de
italianos. Nos últimos dois anos, segundo a assessoria de imprensa da PF, seis italianos foram presos e extraditados.
Apesar de a PF afirmar que não há pistas sobre o banqueiro, o seu
advogado afirma que ele está em Roma, procurando um apartamento para alugar e se fixar na cidade. "Vamos fornecer à polícia o endereço definitivo dele, quando ele o tiver. Só não fizemos isso ainda porque ele está num endereço provisório. Na Itália nesta época tudo fecha e por isso ele não conseguiu ainda encontrar uma imobiliária para alugar apartamento", justifica José Carlos Fragoso, advogado de Cacciola no Rio de Janeiro.
A hipótese de o banqueiro estar na Itália sempre foi considerada a mais provável tanto pela polícia como pelos procuradores que investigaram o socorro financeiro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam.
Isso porque o fato de Cacciola ser cidadão italiano dificulta sua extradição para o Brasil. Há um tratado de extradição de presos com a Itália. O acordo prevê que, em caso de o procurado ser cidadão italiano ou brasileiro, a decisão de extraditar ou não cabe aos respectivos governos. Só que, na Itália, as leis não permitem a extradição de cidadãos.
Para que o pedido de extradição fosse ao menos feito (o que ainda não aconteceu), Cacciola precisaria ser encontrado e preso. O que se diz dentro da PF é que os italianos mostram boa vontade e empenho, mas que poderiam cuidar da questão com mais "carinho".
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