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03/11/2003 - 18h00

Saiba mais sobre a disputa dos radicais com o PT

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da Folha Online

Os desentendimentos das alas radicais do PT com a cúpula do partido não são propriamente uma novidade na legenda. No entanto, a briga interna ganhou novos ingredientes durante a campanha que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto.

O desgaste começou com a coligação com o PL, que fez do empresário mineiro José Alencar o vice da chapa de Lula. À época, os radicais disseram que a direção do partido agiu de forma autoritária ao não pôr o assunto em votação interna.

A senadora Heloísa Helena (AL), virtual candidata ao governo do seu Estado, desistiu das eleições estaduais por não aceitar a política de alianças adotada pela sigla, o que chamou de "deplorável" e "uma adesão estúpida à lógica do pragmatismo eleitoral". Após a eleição de Lula, ela criticou a escolha do ex-presidente do Bank Boston Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central por sua "ligação com o sistema financeiro internacional".

O embate dos radicais ficou mais acirrado, no entanto, com as reformas da Previdência e tributária. Declaradamente contrários às propostas do governo, os deputados João Fontes (SE), João Batista Araújo, o Babá (PA), e Luciana Genro, votaram contra as reformas nos dois turnos da Câmara.

Fita da discórdia

Fontes divulgou uma fita com declarações do então deputado Luiz Inácio Lula da Silva em 1987 que fazia criticas ao então presidente José Sarney e a proposta de mudanças na Previdência. "Eles querem criar o limite de idade para que a classe trabalhadora morra antes de se aposentar", dizia Lula.

Luciana Genro, filha do ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto deputada estadual do Rio Grande do Sul, perdeu o cargo de vice-presidente da Comissão de Educação da Assembléia e o direito de discursar em nome do PT por um mês por ter votado contra orientações da sua bancada no governo Olívio Dutra.

Ela, que já defendeu o nome do líder sem-terra João Pedro Stedile para a Presidência da República, mostra afinidades com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e diz que o Plano Colômbia, implantado naquele país pelos Estados Unidos para combater o narcotráfico tem o objetivo de "derrotar a resistência daquele heróico povo, que teima em não se deixar submeter pacificamente" e "principal expressão da luta dos camponeses da Colômbia e do movimento de massas".

O deputado Lindbergh Farias, um dos principais críticos do governo no primeiro semestre, e que chegou a articular uma frente de oposição ao governo com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e a senadora Heloísa Helena, foi acusado de capitulação pelos colegas radicais por ter amenizado o tom do discurso contra as reformas. Desde que foi ameaçado de perder a vice-liderança na Câmara e ser expulso do partido, Lindbergh não quis perder a legenda. Ele pretende disputar a Prefeitura de Nova Iguaçu, na baixada fluminense.

FMI

O principal lema da discussão dos radicais é a moratória da dívida externa. Eles dizem que o calote ao FMI (Fundo Monetário Internacional) é a melhor maneira de promover o desenvolvimento do país.

Os radicais, no entanto, têm pouca influência no partido para consolidar suas posições. Acuados pelo ex-presidente do PT José Dirceu --principal articulador nos bastidores das ações punitivas contra os radicais, eles perderam chances de participar do Diretório Nacional e da Executiva Nacional. Antes os cargos de cúpula eram escolhidos por um colégio de delegados, que sempre pertenciam a alguma tendência.

Os dissidentes acreditam que, ao buscar a massa do eleitorado, o partido se distanciou da sua ideologia e de suas bases classistas que propunham a implantação do socialismo.
 

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