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31/08/2000 - 18h31

Trio elétrico e bandas de axé são chamariz de eleitor na Bahia

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MARCOS VITA
da Agência Folha, em Salvador (BA)

Depois do Carnaval, a melhor época para os trios elétricos ganharem as ruas da Bahia é no período de campanha eleitoral.

O número de trios alugados no Estado cresce 90% neste período, segundo a ABTI (Associação Baiana de Trios Independentes), principal entidade estadual de locadores de trio, que reúne 30 trios elétricos.

No total, esse comércio movimenta na Bahia até R$ 3 milhões nos dois meses que antecedem às eleições _metade do que rende o Carnaval para os donos de trios.

A grande maioria é alugada por candidatos à prefeitura de cidades do interior. Nesses locais, políticos de todos os partidos utilizam os caminhões de 30 mil watts de som para servir como chamariz de eleitores nos comícios.

"O trio oferece uma série de facilidades porque é um palco de som que se desloca e vai onde o eleitor está", afirmou José Tude (PFL), prefeito-candidato de Camaçari (região metropolitana de Salvador).

Ele diz ter conseguido levar 20 mil pessoas a um "showmício" com a participação do É o Tchan!.

O petista Jacques Wagner, adversário de Tude, também já fez comício usando trio elétrico, mas disse que não gosta do palanque móvel de 10 metros de altura.

"Acho que o candidato fica muito longe do povo. O corpo a corpo é mais eficiente. Além disso, o trio transforma o comício numa grande festa de largo, em que as pessoas só se preocupam em dançar e não em prestar atenção às idéias do candidato", afirmou. Ele admite, porém, utilizar bandas de pagode locais para "divertir" o eleitorado.

Com a onda de "alegrar" as campanhas, quem mais lucra são mesmo as bandas de axé e pagode da Bahia. O valor do cachê de grupos famosos, como Cheiro de Amor, Harmonia do Samba e Pimenta N'Ativa, chega a aumentar 40% durante o período.

Estima-se que cada banda contratada no Estado ganhe uma média de R¹ 40 mil por "showmício". A relação dos artistas com os candidatos durante os shows varia de acordo com a "simpatia" que cada um nutre pelo político que o contrata.

"Não temos um código de ética para proibir nossos artistas de cantar o jingle ou falar o número do candidato. Eles podem fazer o que quiser. Tudo vai depender do momento, da simpatia pessoal que tiver com o político naquela hora", afirmou Windson Silva, empresário da Cheiro de Amor.

Fenômeno nacional

Segundo ele, a banda deve percorrer pelo menos 50 cidades de todo o país antes das eleições. Fora da Bahia, há trios elétricos sendo usados nas campanhas em vários outros Estados, principalmente do Norte e Nordeste, segundo a ABTI.

"Existem hoje cerca de 350 trios elétricos em funcionamento em todo o país, sendo 150 na Bahia. Quase todos estão neste momento em campanha política", afirmou Waldemar Novaes, 54, presidente da ABTI.

O aluguel de um trio por um mês custa, em média, R$ 60 mil na Bahia. O pagamento é adiantado. Nem Dodô e Osmar, baianos inventores do trio em 1950, poderiam esperar pelo alcance da influência do trio na política.

"Quando saíram tocando músicas de Carnaval há meio século, eles só queriam mesmo se divertir. Hoje o trio serve até para celebração de missa", disse Aroldo Macedo, 42, filho de Osmar, morto em 1997.

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