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14/11/2003 - 23h59

Força-tarefa do Banestado denuncia 8 por crime contra sistema financeiro

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JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

O doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de operações internacionais de câmbio do Banestado (Banco do Estado do Paraná) Gabriel Nunes Pires Neto e seis empresários foram denunciados hoje, pelo Ministério Público Federal em Curitiba (PR), por crime contra o sistema financeiro nacional, corrupção ativa e corrupção passiva. Os oito são acusados de causar prejuízo de US$ 3,5 milhões com empréstimos fraudulentos na agência do banco nas Ilhas Cayman.

A fraude foi descoberta pela força-tarefa que investiga as remessas pelo Banestado através da contas CC5 (de não residentes) para o exterior. Mais de R$ 30 bilhões teriam sido remetidos ilegalmente pelo banco.

A fraude no Banestado das Ilhas Cayman, no entanto, não passou pelo esquema de remessas CC5. Mas foi descoberta após checagem da movimentação de dinheiro das chamadas contas bondes (contas com mais de um correntista) administradas pelo doleiro Alberto Youssef em Nova York.

Na denúncia à 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Vladimir Barros Aras, Luciana da Costa Pinto e Suzete Bragagnolo mostram que as fraudes tiveram início após o governo do Estado do Paraná e a União firmarem acordo para sanear o banco paranaense para o processo de privatização, ocorrida em 2000.

O saneamento determinava que a agência Grand Cayman do Banestado, no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, teria que ser liquidada em 5 de janeiro de 1999.

Mas Gabriel Nunes Pires Neto, diretor do banco na época, concedeu empréstimos às empresas Tucumann Engenharia e Empreendimentos Ltda, Redran Construtora de Obras e Jabur Toyopar, Importação e Comércio de Veículos, no valor total de US$ 3,5 milhões, que tinham data de vencimento marcada para depois do fechamento da agência e nunca foram pagos.

Os empresários envolvidos na acusação de crime contra o sistema financeiro nacional, corrupção ativa e corrupção passiva são Maria Cristina Ibraim Jabur e Vílcio Caetano de Lima, da Jabur Toyopar, José Maria Ribas Mulher e João Achilles Grenier Gluck, da Tucumann e Sérgio Fontoura Marder e Mauro Fontoura Marder, da Redran.

Os empréstimos foram feitos sem nenhuma garantia para o banco e com os próprios sócios das empresas como tomadores e avalistas desses empréstimos.

Um dos empréstimos, feito à Jabur Toyopar, em que Youssef aparece como avalista, foi feito em 20 de agosto de 1998. No mesmo dia foram feitas transferências de US$ 50 mil para José Miguel Pinoti, no Eurobanc, de US$ 300 mil para o Shandong Wheihat Group, no Bank of China, US$ 450 mil para a conta bonde Beacon Hill Service, na subconta Ibiza, no Chase de Nova York, e outros US$ 700 mil para a conta da Syata Enterprise, no Capital Bank (NY).

Em 19 de outubro de 1998, o doleiro Alberto Youssef depositou US$ 500 mil na conta do diretor Gabriel Nunes Pires Neto, na agência do Citibank em Nova York. O depósito foi uma transferência da subconta Ibiza da Beacon Hill Service, administrada por Youssef. Na denúncia do Ministério público Federal, os US$ 500 mil seriam o pagamento a Pires pela elaboração das fraudes.

Outro lado

O advogado do doleiro Alberto Youssef, João Santos Gomes Filho, disse hoje à tarde que não tinham conhecimento dos autos da denúncia contra seu cliente e que somente na segunda-feira iria se inteirar do teor das acusações. Youssef está preso na Superintendência da PF em Curitiba (PR) desde 2 de novembro, quando foi preso acusado de crime contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.

Na casa do ex-diretor de câmbio e operações internacionais do Banestado Gabriel Nunes Pires Neto, em Curitiba, a informação era de que ele havia viajado para o norte do Paraná e que só regressaria na segunda-feira. A pessoa que atendeu ao telefonema da Agência Folha não quis se identificar e nem fornecer o número do celular de Pires Neto.

A empresária Maria Cristina Ibraim Jabur disse ontem que a empresa Jabur Toyopar "não tem culpa de nada. O tempo e a Justiça irão provar isso". Maria Cristina disse que havia retornado ao telefonema "por respeito à Folha, mas que não tinha interesse em comentar a denúncia do Ministério Público Federal".

Segundo ela, o doleiro Alberto Youssef foi sócio da Jabur Toyopar por seis meses, "mas hoje não possui nenhum vínculo com a empresa". Ela disse que o empréstimo não foi pago em sua totalidade, "mas está sendo amortizado".

O diretor da Jabur Toyopar Benedito Coutinho Pereira afirmou que, além de Youssef, Vílcio Caetano de Lima também não participa mais da empresa. Ele não foi localizado pela Agência Folha.

No escritório da Tucumann, em Curitiba, a secretária de José Maria Ribas Mulher, identificada como Terezinha, disse que iria transmitir o pedido de entrevista a Mulher, mas que não poderia fornecer o número do seu celular por "determinação superior". Segundo Terezinha, João Achilles Grenier Gluck continua como sócio da empresa, "mas não estava localizável" ontem.

Os irmãos Mauro Fontoura Marder e Sérgio Fontoura Marder também não foram localizados pela Agência Folha. Sérgio Fontoura Marder consta como proprietário de um número de telefone em Porto Murtinho (MS), mas o telefone hoje pertence a um açougue. A informação é que o telefone foi comprado de Marder, que não moraria mais na cidade.
 

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