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29/11/2003 - 08h55

Dois presos dão detalhes de caso e são soltos

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da Agência Folha, em Boa Vista

A Justiça Federal em Roraima autorizou ontem a soltura de duas das 43 pessoas presas desde a última quarta-feira na cadeia pública de Boa Vista por terem colaborado com as investigações do chamado "escândalo dos gafanhotos", que pode ter desviado recursos públicos da ordem de R$ 230 milhões, em quatro anos.

Os depoimentos dos acusados de participação no esquema começaram ontem. Entre as pessoas que serão ouvidas está o ex-governador Neudo Campos, 55, (PP), tido pela força-tarefa que apura as fraudes como o mentor dos atos de corrupção. Ele foi preso em Brasília há três dias e nega as acusações. Por uma questão de estratégia das investigações, deverá ser o último a prestar esclarecimentos sobre o caso.

As pessoas que estão se dispondo a contar o que sabem sobre o caso estão tendo preferência para serem ouvidas, segundo a Polícia Federal, e poderão ser beneficiadas, inclusive, com abrandamento de pena em caso de futuras condenações.

O prazo da prisão do ex-governador expira no domingo e é renovável por mais cinco dias.

A fraude que está sendo apurada em 40 inquéritos consistia no desvio de dinheiro da folha de pagamento do Estado por meio de funcionários-fantasmas, chamados de "gafanhotos", que comiam os recursos públicos. A maior parte do salários dos supostos servidores estaduais, aliciados por 60 procuradores, iria parar no bolso de 30 autoridades roraimenses. Os crimes vão de peculato até formação de quadrilha.

Os advogados de Campos tentaram adiantar o depoimento, sem êxito, alegando falta de segurança na cadeia pública onde ele está, construída na gestão do próprio ex-governador, de 1995 a 2002.

"Como algumas pessoas resolveram colaborar dando detalhes que corroboram com as investigações, achamos por bem pedir a soltura. O objetivo das prisões é justamente ajudar na coleta de provas", afirmou o delegado Julio César Baida, que preside os inquéritos. O teor dos depoimentos e o nome das pessoas liberadas não foram revelados.

Até ontem à tarde, 11 pedidos de habeas corpus em favor dos presos tinham sido encaminhados ao TRF (Tribunal Regional Federal), em Brasília, mas nenhum havia sido concedido.

Um esquema especial de segurança aos procuradores da República que fazem parte da força-tarefa foi montado com a participação, inclusive, de agentes da segurança da Procuradoria Geral da República.

A Justiça considera 13 pessoas foragidas, entre elas o ex-diretor da Polícia Judiciária Ângelo Paiva. Das 57 prisões expedidas, 43 foram efetivadas até ontem. Um dos envolvidos morreu há 15 dias.

Por intermédio de um assessor, o ex-governador Neudo Campos declarou, na última quinta, de dentro da cadeia pública, que está sendo "injustiçado" e que "não entende o motivo de sua prisão". "Estou com a consciência tranquila de que sempre procurei fazer o melhor para Roraima e isso atingiu interesses contrários à minha administração. Vou provar que não devo nada", afirmou.
 

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