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03/12/2003
-
05h44
IURI DANTAS
WILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), disse ontem ter conhecimento "superficial" do chamado "esquema dos gafanhotos", em que funcionários fantasmas eram cadastrados na folha salarial do Estado, e o dinheiro, desviado para políticos locais.
"A sociedade comentava, a sociedade falava. Eu tinha conhecimento superficial disso. Não tinha noção da grandiosidade, não conhecia profundamente."
Momentos antes, na mesma entrevista, o governador havia negado saber do esquema. "Eu não tinha conhecimento dessa coisa."
Segundo as investigações, o esquema data de 1999, quando Flamarion era vice-governador de Neudo Campos (PP), preso na semana passada como suspeito de participar do esquema. Questionado se nada descobriu durante os três anos em que acompanhou Campos, Flamarion generalizou.
"O que eu sabia era exatamente o que a população sabia. Mas isso era fechado, isso era trancado. Se sabia, é porque em cidade pequena se sabia, mas não tinha o caminho, a consistência", afirmou.
O caso veio à tona em setembro do ano passado, com uma reportagem da Folha. Flamarion comandava o Estado desde abril, quando Campos se desincompatibilizou para disputar, sem sucesso, uma vaga no Senado.
O petista disse que, ao tomar posse, extinguiu o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) do Estado, por suspeitar que o órgão era um dos focos do esquema. E determinou a unificação das folhas salariais, o recadastramento dos servidores e realização de amplo concurso público. Como exemplo da moralidade que diz ter adotado, Flamarion citou que exonerou diversos funcionários com base somente na citação de seus nomes no inquérito da PF.
Mas, acusado de envolvimento no caso, Flamarion evita analisar a possibilidade de se licenciar do cargo e desqualifica a testemunha que o citou --Carlos Eduardo Levischi, ex-diretor-geral do DER.
"Eu fui citado pelo Carlos Levischi. Na realidade, esse rapaz tem profunda mágoa contra mim. Há algum tempo, esse cidadão foi preso em Tocantins por roubo de carro." A Folha não conseguiu localizar Levischi para ouvi-lo.
Flamarion admitiu que pediu a Neudo Campos um emprego para Sônia Nattrodot, que agora testemunha à Justiça detalhes sobre os gafanhotos. "Pedi o emprego, ela teve o emprego dela, o salário era dela. Não vejo crime nenhum em pedir emprego para alguém e as pessoas exercerem sua atividade recebendo seu salário", disse.
O governador chegou a Brasília na noite de anteontem e deverá ter uma conversa hoje com José Genoino, presidente do PT, e Silvio Pereira, secretário de organização partidária. "Entrei no PT para honrar o PT. Quero aprender a fazer política pública com o PT. Não vim aqui para cobrar nada do PT", disse.
Emissário
A Executiva Nacional do PT, reunida em São Paulo, decidiu enviar um representante para acompanhar as investigações em Roraima e o possível envolvimento do governador. Será a ex-governadora do Amapá Dalva de Figueiredo que provavelmente irá ao Estado ainda nesta semana.
Genoino reafirmou a posição do PT em apoio a Flamarion. "Até o momento não há nada contra o governador. Se surgir alguma coisa concreta e comprovada, o partido vai examinar. O fato de um petista ser investigado é normal. Qualquer prefeito ou governador está sujeito a isso." Ele disse que "não está em pauta" a discussão sobre a possibilidade de expulsão de Flamarion do PT.
Governador de RR afirma conhecer "superficialmente" gafanhotos
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WILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), disse ontem ter conhecimento "superficial" do chamado "esquema dos gafanhotos", em que funcionários fantasmas eram cadastrados na folha salarial do Estado, e o dinheiro, desviado para políticos locais.
"A sociedade comentava, a sociedade falava. Eu tinha conhecimento superficial disso. Não tinha noção da grandiosidade, não conhecia profundamente."
Momentos antes, na mesma entrevista, o governador havia negado saber do esquema. "Eu não tinha conhecimento dessa coisa."
Segundo as investigações, o esquema data de 1999, quando Flamarion era vice-governador de Neudo Campos (PP), preso na semana passada como suspeito de participar do esquema. Questionado se nada descobriu durante os três anos em que acompanhou Campos, Flamarion generalizou.
"O que eu sabia era exatamente o que a população sabia. Mas isso era fechado, isso era trancado. Se sabia, é porque em cidade pequena se sabia, mas não tinha o caminho, a consistência", afirmou.
O caso veio à tona em setembro do ano passado, com uma reportagem da Folha. Flamarion comandava o Estado desde abril, quando Campos se desincompatibilizou para disputar, sem sucesso, uma vaga no Senado.
O petista disse que, ao tomar posse, extinguiu o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) do Estado, por suspeitar que o órgão era um dos focos do esquema. E determinou a unificação das folhas salariais, o recadastramento dos servidores e realização de amplo concurso público. Como exemplo da moralidade que diz ter adotado, Flamarion citou que exonerou diversos funcionários com base somente na citação de seus nomes no inquérito da PF.
Mas, acusado de envolvimento no caso, Flamarion evita analisar a possibilidade de se licenciar do cargo e desqualifica a testemunha que o citou --Carlos Eduardo Levischi, ex-diretor-geral do DER.
"Eu fui citado pelo Carlos Levischi. Na realidade, esse rapaz tem profunda mágoa contra mim. Há algum tempo, esse cidadão foi preso em Tocantins por roubo de carro." A Folha não conseguiu localizar Levischi para ouvi-lo.
Flamarion admitiu que pediu a Neudo Campos um emprego para Sônia Nattrodot, que agora testemunha à Justiça detalhes sobre os gafanhotos. "Pedi o emprego, ela teve o emprego dela, o salário era dela. Não vejo crime nenhum em pedir emprego para alguém e as pessoas exercerem sua atividade recebendo seu salário", disse.
O governador chegou a Brasília na noite de anteontem e deverá ter uma conversa hoje com José Genoino, presidente do PT, e Silvio Pereira, secretário de organização partidária. "Entrei no PT para honrar o PT. Quero aprender a fazer política pública com o PT. Não vim aqui para cobrar nada do PT", disse.
Emissário
A Executiva Nacional do PT, reunida em São Paulo, decidiu enviar um representante para acompanhar as investigações em Roraima e o possível envolvimento do governador. Será a ex-governadora do Amapá Dalva de Figueiredo que provavelmente irá ao Estado ainda nesta semana.
Genoino reafirmou a posição do PT em apoio a Flamarion. "Até o momento não há nada contra o governador. Se surgir alguma coisa concreta e comprovada, o partido vai examinar. O fato de um petista ser investigado é normal. Qualquer prefeito ou governador está sujeito a isso." Ele disse que "não está em pauta" a discussão sobre a possibilidade de expulsão de Flamarion do PT.
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