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05/12/2003 - 17h10

Ministério Público denuncia Sérgio Gomes pela morte de Celso Daniel

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VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha Online

O Ministério Público apresentou hoje denúncia à comarca de Itapecerica da Serra (33 km a sudoeste de São Paulo) contra o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser mandante do assassinato do prefeito de Santo André (ABC paulista) Celso Daniel (PT), morto em janeiro do ano passado.

Segundo o Ministério Público, Sombra fazia parte de um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André que recebia propina de empresas de transporte. Celso Daniel, ao descobrir a fraude, teria iniciado investigações para apurar as irregularidades. Sombra, de acordo ainda com os promotores do caso, queria "eliminar o obstáculo que lhe rendia vultosas quantias", e decidiu "matar a vítima".


24.jan.02/Folha Imagem
O empresário Sérgio Gomes
"A morte da vítima foi idealizada e encomendada por Sérgio Gomes da Silva para assegurar a execução de outros crimes que ele e outras pessoas estavam praticando contra a administração pública de Santo André. Tais crimes eram combatidos pelo prefeito, que, por tal razão, a de erigir-se à condição de obstáculo, na ótica de Sérgio Gomes da Silva, deveria ser eliminado definitivamente", diz a denúncia.

A prisão preventiva de Sombra, no entanto, não foi pedida à Justiça. Os promotores do caso disseram não querer falar sobre questões processuais, e se restringiram a esclarecer a apuração da denúncia.

Evidências

Os promotores chegaram a Sombra a partir de contradições em depoimentos de integrantes da quadrilha da favela Pantanal, acusados do sequestro do prefeito na primeira versão do inquérito, e relatos de Aílton Alves Feitosa --que, em janeiro de 2002, fugiu de helicóptero do presídio José Parada Neto, em Guarulhos, com Dionísio de Aquino Severo, morto em abril de 2002 no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém.

De acordo com Feitosa, logo após a fuga, o helicóptero pousou em Taboão da Serra, onde teria havido uma reunião na casa de um parente de Severo, quando se planejou "uma ação" contra o então prefeito de Santo André.

Feitosa declarou ainda ao Ministério Público que em um segundo encontro poucos dias depois, "um empresário [Sombra] participaria do sequestro e ainda levaria uma quantia em dinheiro".

Em abril de 2002, a polícia civil em Taboão da Serra fez uma apreensão de drogas no apartamento onde teria havido a reunião para acertar o assassinato. Um cartão com o telefone de um integrante da quadrilha da favela Pantanal foi encontrado. Os promotores estabeleceram, então, a relação entre os dois grupos.

Após ser preso no Nordeste no ano passado, Severo disse, em depoimento, conhecer Sombra e já ter namorado a ex-mulher do empresário, identificada como Adriana Pugliesi.

O ex-sindicalista José Cicote, vice-prefeito de Santo André em 1988 no primeiro mandato de Daniel, disse aos promotores ter visto Severo mais de uma vez na prefeitura.

O crime

Celso Daniel foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002 quando voltava de um jantar em São Paulo. Ele estava acompanhado de Sombra. Dois dias depois, o corpo do prefeito foi encontrado em uma estrada em Juquitiba (a 78 km de SP), com sete tiros.

O inquérito da Polícia Civil --já encerrado-- afirmava que o crime não teve motivação política. Atendendo a um pedido de familiares, o Ministério Público Estadual reabriu o caso. Entre novos depoimentos, convocou Sombra para depor na condição de investigado, e não como testemunha, como fora ouvido anteriormente.

Sete participantes do sequestro (seis mais o menor que confessou o crime) e morte foram presos.

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