Publicidade
Publicidade
06/12/2003
-
14h07
JAIRO MARQUES
da Agência Folha, em Boa Vista
Foi libertado nesta madrugada da cadeia pública de Boa Vista (RR) o ex-governador Neudo Campos (PP), 55, preso havia dez dias sob a acusação de ser o mentor do chamado "escândalo dos gafanhotos", que pode ter desviado mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos em Roraima.
A Justiça Federal não acatou pedido de prisão preventiva para o político, solto com mais 37 pessoas. Campos foi detido em Brasília durante a operação "Praga do Egito", deflagrada por 200 agentes da Polícia Federal, que tinha o objetivo de cumprir 57 mandados de prisão, além de ordens de busca e apreensão, inclusive na casa do ex-governador, em Boa Vista, onde foram retirados dois carros cheios de material.
A Procuradoria da República tentou manter preso o ex-governador pedindo prisão preventiva (válida por 80 dias) para ele, mas a Justiça Federal não acolheu os argumentos de possibilidade de coação de testemunha e obstrução das investigações com as solturas dos acusados.
Enfraquecimento
"A decisão da Justiça não enfraquece em nada o nosso trabalho. Ainda não li o despacho do juiz [Helder Girão Barreto], mas creio que ele esteja bem fundamentado. Infelizmente não conseguimos reunir todos os elementos necessários para que o ex-governador continuasse preso", declarou o procurador da República Carlos Mazzocco.
Outras três pessoas, porém, todos ex-deputados estaduais, vão permanecer na cadeia pública porque tiveram a preventiva autorizada pela Justiça.
"As pessoas que vão continuar presas são aquelas que conseguimos reunir provas robustas de que estavam coagindo testemunhas ou tentando produzir provas falsas para obstruir o andamento dos trabalhos", disse o procurador da República.
O esquema
As investigações da força-tarefa que apuram as fraudes em Roraima apontam que Campos teria criado, em 1998, um esquema que usava 5.500 funcionários fantasmas, os "gafanhotos", para o enriquecimento de 30 autoridades do Estado, entre elas ex-parlamentares, atuais deputados estaduais e federais e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
O Ministério Público Federal também denuncia Campos por desvios milionários de recursos repassados pela União ao Estado durante sua gestão (1995 a 2002). Em um dos convênios, uma obra viária em Boa Vista, que recebeu recursos de R$ 3 milhões, teria sido paga, mas nunca construída.
O ex-governador nega todas as acusações e afirma estar sendo vítima de uma obra de seus "inimigos" políticos.
Ele foi recebido, na porta da cadeia, por parentes e amigos que comemoravam a soltura.
Em depoimento prestado a nove delegados da Polícia Federal na última quinta-feira, o ex-governador se limitou a falar sobre sua trajetória política e pessoal.
Ele se recusou a responder 50 perguntas, reservando-se ao direito de ficar calado. Após ser ouvido, Campos foi indiciado por crimes como formação de quadrilha e peculato em 40 inquéritos.
Oito pessoas que se entregaram à polícia ou que foram capturadas depois do dia 27 também vão continuar na cadeia.
"Quem foi preso depois, ainda precisa ser ouvido, precisa ser indiciado. Além disso, o prazo das prisões só expira depois de dez dias da apresentação", afirmou Mazzocco.
Até o final deste mês, a força-tarefa deve encaminhar à Justiça as denúncias sobre os envolvidos no escândalo de desvio de recursos.
A documentação coletada sobre o atual governador Flamarion Portela (PT), 48, será mandada para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Justiça nega pedido, e ex-governador de Roraima é libertado
Publicidade
da Agência Folha, em Boa Vista
Foi libertado nesta madrugada da cadeia pública de Boa Vista (RR) o ex-governador Neudo Campos (PP), 55, preso havia dez dias sob a acusação de ser o mentor do chamado "escândalo dos gafanhotos", que pode ter desviado mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos em Roraima.
A Justiça Federal não acatou pedido de prisão preventiva para o político, solto com mais 37 pessoas. Campos foi detido em Brasília durante a operação "Praga do Egito", deflagrada por 200 agentes da Polícia Federal, que tinha o objetivo de cumprir 57 mandados de prisão, além de ordens de busca e apreensão, inclusive na casa do ex-governador, em Boa Vista, onde foram retirados dois carros cheios de material.
A Procuradoria da República tentou manter preso o ex-governador pedindo prisão preventiva (válida por 80 dias) para ele, mas a Justiça Federal não acolheu os argumentos de possibilidade de coação de testemunha e obstrução das investigações com as solturas dos acusados.
Enfraquecimento
"A decisão da Justiça não enfraquece em nada o nosso trabalho. Ainda não li o despacho do juiz [Helder Girão Barreto], mas creio que ele esteja bem fundamentado. Infelizmente não conseguimos reunir todos os elementos necessários para que o ex-governador continuasse preso", declarou o procurador da República Carlos Mazzocco.
Outras três pessoas, porém, todos ex-deputados estaduais, vão permanecer na cadeia pública porque tiveram a preventiva autorizada pela Justiça.
"As pessoas que vão continuar presas são aquelas que conseguimos reunir provas robustas de que estavam coagindo testemunhas ou tentando produzir provas falsas para obstruir o andamento dos trabalhos", disse o procurador da República.
O esquema
As investigações da força-tarefa que apuram as fraudes em Roraima apontam que Campos teria criado, em 1998, um esquema que usava 5.500 funcionários fantasmas, os "gafanhotos", para o enriquecimento de 30 autoridades do Estado, entre elas ex-parlamentares, atuais deputados estaduais e federais e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
O Ministério Público Federal também denuncia Campos por desvios milionários de recursos repassados pela União ao Estado durante sua gestão (1995 a 2002). Em um dos convênios, uma obra viária em Boa Vista, que recebeu recursos de R$ 3 milhões, teria sido paga, mas nunca construída.
O ex-governador nega todas as acusações e afirma estar sendo vítima de uma obra de seus "inimigos" políticos.
Ele foi recebido, na porta da cadeia, por parentes e amigos que comemoravam a soltura.
Em depoimento prestado a nove delegados da Polícia Federal na última quinta-feira, o ex-governador se limitou a falar sobre sua trajetória política e pessoal.
Ele se recusou a responder 50 perguntas, reservando-se ao direito de ficar calado. Após ser ouvido, Campos foi indiciado por crimes como formação de quadrilha e peculato em 40 inquéritos.
Oito pessoas que se entregaram à polícia ou que foram capturadas depois do dia 27 também vão continuar na cadeia.
"Quem foi preso depois, ainda precisa ser ouvido, precisa ser indiciado. Além disso, o prazo das prisões só expira depois de dez dias da apresentação", afirmou Mazzocco.
Até o final deste mês, a força-tarefa deve encaminhar à Justiça as denúncias sobre os envolvidos no escândalo de desvio de recursos.
A documentação coletada sobre o atual governador Flamarion Portela (PT), 48, será mandada para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice