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14/12/2003 - 15h54

Saiba mais sobre a disputa dos radicais com o PT

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VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha Online

Os desentendimentos das alas radicais do PT com a cúpula do partido começaram antes mesmo da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As alianças formadas durante a campanha presidencial criaram descontentamentos nas tendências revolucionárias. Um dos maiores desgastes começou com a coligação com o PL, que fez do empresário mineiro José Alencar o vice da chapa.

A senadora Heloísa Helena (AL), que sairia candidata ao governo do seu Estado, desistiu das eleições estaduais por não aceitar a política de alianças adotada pela sigla, o que chamou de "deplorável" e "uma adesão estúpida à lógica do pragmatismo eleitoral". Ela também criticou a escolha do ex-presidente do Bank Boston Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central por sua "ligação com o sistema financeiro internacional".

O embate dos radicais tomou vulto, no entanto, com as reformas da Previdência e tributária. Declaradamente contrários às propostas do governo, os deputados João Fontes (SE), João Batista Araújo, o Babá (PA), e Luciana Genro (RS), votaram contra as reformas nos dois turnos da Câmara. Heloísa Helena também votou "não" no primeiro turno no Senado.

Os radicais também divulgaram uma fita com falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1987 que mostrava contradições entre o discurso da época e o atual.

No áudio Lula critica o então presidente José Sarney e a proposta de mudanças na Previdência. "Eles querem criar o limite de idade para que a classe trabalhadora morra antes de se aposentar", dizia Lula.

Luciana Genro, filha do ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto deputada estadual do Rio Grande do Sul, perdeu o cargo de vice-presidente da Comissão de Educação da Assembléia e o direito de discursar em nome do PT por um mês por ter votado contra orientações da sua bancada no governo Olívio Dutra. Ela, que já defendeu o nome do líder sem-terra João Pedro Stedile para a Presidência da República, mostra afinidades com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e diz que o Plano Colômbia, implantado no país pelos Estados Unidos para combater o narcotráfico, é "derrotar a resistência daquele heróico povo, que teima em não se deixar submeter pacificamente" e "principal expressão da luta dos camponeses da Colômbia e do movimento de massas".

O deputado Lindbergh Farias, um dos principais críticos do governo no primeiro semestre, e que chegou a articular uma frente de oposição ao governo com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e a senadora Heloísa Helena, foi acusado de capitulação pelos colegas radicais por ter amenizado o tom do discurso contra as reformas desde que foi ameaçado perder a vice-liderança na Câmara e ser expulso do partido. Lindbergh, que sem sucesso tentou se eleger deputado anteriormente pelo PSTU, não quis perder a legenda porque quer sair candidato à Prefeitura deNova Iguaçu, na baixada fluminense.

O principal lema da discussão dos radicais é a moratória da dívida externa. Eles dizem que o calote ao FMI (Fundo Monetário Internacional) é a melhorar maneira de fazer o desenvolvimento do país. Os radicais, o entanto, têm pouca influência no partido para consolidar seus ideais.

Os dissidentes acreditam que ao buscar a massa do eleitorado, o partido se distanciou da sua ideologia e de suas bases classistas que propunham a implantação do socialismo.
 

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