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13/01/2004
-
06h24
CLÓVIS ROSSI
enviado especial da Folha de S.Paulo a Monterrey
O presidente venezuelano Hugo Chávez disse ontem a seu colega brasileiro Lula que a oposição a seu governo não tem o número suficiente de assinaturas válidas para que seja convocado o plebiscito para eventualmente afastá-lo do poder.
"Mesmo que tiver (o número), eu ganho o plebiscito", fanfarronou o mandatário venezuelano, durante o almoço com Lula, no qual mostrou bom humor e tranquilidade surpreendentes para quem está, há dias, sendo alvejado por médios e altos funcionários americanos.
O bom humor era tanto que, ao sair da sala de almoço no luxuoso Hotel Quinta Real de Monterrey, em que Lula se hospeda, Chávez ironizou: "Eu estou em um hotel de terceira, mas você está em um de luxo" (Chávez está no Crowne Plaza, que não é exatamente de terceira, mas não chega ao nível do Quinta Real).
O presidente da Venezuela disse também a Lula que não pretendia levar ao plenário da Cúpula Extraordinária das Américas a denúncia que fizera na véspera, segundo a qual os Estados Unidos estão conspirando para derrubá-lo.
A tese de Chávez é a de que a oposição não tem as assinaturas necessárias, mas vai dizer que o Conselho Nacional Eleitoral, a quem cabe decidir, rejeitou assinaturas válidas, manipulado pelo presidente. Seria o pretexto para o golpe.
Não foi possível saber a reação de Lula durante o almoço com Chávez, mas o chanceler Celso Amorim anunciou, depois, que o presidente brasileiro irá à cúpula do G15, marcada para fevereiro exatamente em Caracas.
Parece um sinal, ainda que velado, de apoio a Chávez, na medida em que esse grupo de países em desenvolvimento não chega a ser relevante para justificar uma viagem presidencial.
Amorim, que fez um relato dos encontros de Lula aos jornalistas, foi evasivo ao extremo. O máximo de crítica que fez aos Estados Unidos foi dizer que não acha que "seja produtivo tentar isolar governos".
Já para a Venezuela, o afago foi mais firme: "Tínhamos, temos e continuaremos a ter uma relação sólida com a Venezuela e com o governo venezuelano".
O chanceler negou-se a entrar no que chamou de "troca de opinião entre países", chegando a usar uma metáfora familiar: "Se dois parentes trocam acusações, você tenta ouvir os dois lados e buscar um ponto de vista comum".
A Folha perguntou então se não é o caso de dizer a um ou a ambos os parentes da metáfora qual a opinião do hipotético conciliador. "Quando você tem que dizer, não faz propaganda", escapou o ministro.
Além de Chávez, Lula teve reuniões bilaterais com o mexicano Vicente Fox, o peruano Alejandro Toledo e o equatoriano Lúcio Gutiérrez.
A conversa em princípio mais suculenta foi com Fox, já que ambas as partes expressaram o desejo de fazer um acordo de livre comércio entre o México e o Mercosul (já há uma série de acordos de cooperação econômica).
Chávez diz que vence plebiscito
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Monterrey
O presidente venezuelano Hugo Chávez disse ontem a seu colega brasileiro Lula que a oposição a seu governo não tem o número suficiente de assinaturas válidas para que seja convocado o plebiscito para eventualmente afastá-lo do poder.
"Mesmo que tiver (o número), eu ganho o plebiscito", fanfarronou o mandatário venezuelano, durante o almoço com Lula, no qual mostrou bom humor e tranquilidade surpreendentes para quem está, há dias, sendo alvejado por médios e altos funcionários americanos.
O bom humor era tanto que, ao sair da sala de almoço no luxuoso Hotel Quinta Real de Monterrey, em que Lula se hospeda, Chávez ironizou: "Eu estou em um hotel de terceira, mas você está em um de luxo" (Chávez está no Crowne Plaza, que não é exatamente de terceira, mas não chega ao nível do Quinta Real).
O presidente da Venezuela disse também a Lula que não pretendia levar ao plenário da Cúpula Extraordinária das Américas a denúncia que fizera na véspera, segundo a qual os Estados Unidos estão conspirando para derrubá-lo.
A tese de Chávez é a de que a oposição não tem as assinaturas necessárias, mas vai dizer que o Conselho Nacional Eleitoral, a quem cabe decidir, rejeitou assinaturas válidas, manipulado pelo presidente. Seria o pretexto para o golpe.
Não foi possível saber a reação de Lula durante o almoço com Chávez, mas o chanceler Celso Amorim anunciou, depois, que o presidente brasileiro irá à cúpula do G15, marcada para fevereiro exatamente em Caracas.
Parece um sinal, ainda que velado, de apoio a Chávez, na medida em que esse grupo de países em desenvolvimento não chega a ser relevante para justificar uma viagem presidencial.
Amorim, que fez um relato dos encontros de Lula aos jornalistas, foi evasivo ao extremo. O máximo de crítica que fez aos Estados Unidos foi dizer que não acha que "seja produtivo tentar isolar governos".
Já para a Venezuela, o afago foi mais firme: "Tínhamos, temos e continuaremos a ter uma relação sólida com a Venezuela e com o governo venezuelano".
O chanceler negou-se a entrar no que chamou de "troca de opinião entre países", chegando a usar uma metáfora familiar: "Se dois parentes trocam acusações, você tenta ouvir os dois lados e buscar um ponto de vista comum".
A Folha perguntou então se não é o caso de dizer a um ou a ambos os parentes da metáfora qual a opinião do hipotético conciliador. "Quando você tem que dizer, não faz propaganda", escapou o ministro.
Além de Chávez, Lula teve reuniões bilaterais com o mexicano Vicente Fox, o peruano Alejandro Toledo e o equatoriano Lúcio Gutiérrez.
A conversa em princípio mais suculenta foi com Fox, já que ambas as partes expressaram o desejo de fazer um acordo de livre comércio entre o México e o Mercosul (já há uma série de acordos de cooperação econômica).
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