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18/01/2004 - 08h40

Antiamericanismo domina protestos no Fórum Social Mundial

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GABRIELA ATHIAS
da enviada especial da Folha de S.Paulo a Mumbai

O sentimento antiamericano tomou conta do 4º Fórum Social Mundial, que se realiza em Mumbai, na Índia. Ontem, palavras de ordem contra os Estados Unidos fizeram parte de praticamente todas as manifestações e protestos.

Nas ruas do Nesco Ground, onde se realiza o fórum, havia centenas de cartazes contra o presidente dos EUA, George W. Bush, e contra a OMC (Organização Mundial do Comércio). No início da manhã, um militante da ONG coreana "Pela derrota de Bush" vestiu uma máscara com o rosto do presidente norte-americano e posou para fotos ao lado de faixas que pediam a queda do atual governo dos EUA. Houve fila para ser fotografado ao lado de "Bush".

A mesma organização não-governamental distribuiu um jornal em inglês informando que o líder norte-americano é a "pessoa mais perigosa do mundo". Entre os eventos não-oficiais do fórum, há oficinas que discutem formas de montar uma rede mundial de protestos contra o governo Bush.

Na porta do principal auditório de exposições e conferências do Nesco Ground, vietnamitas organizaram uma exposição de 25 fotografias mostrando homens, mulheres e crianças com os corpos deformados. As deformações teriam sido causadas por efeitos do "agente laranja", nome pelo qual é conhecida a substância química que militantes afirmam que os EUA usaram durante a guerra entre os dois países. Ainda ontem, durante uma passeata de camponeses indianos que protestavam contra a falta de água, uma das poucas faixas escritas em inglês associava a paz no mundo ao acesso à água e à comida.

Antecipando a onda antiamericana que tomaria conta do fórum já no segundo dia, na abertura do evento, na quarta-feira à noite, Jeremy Cobin, do Partido Trabalhista inglês, disse para a multidão de 50 mil que assistia a cerimônia, que os que militam em movimentos antiglobalização são contra o governo dos EUA e não contra o povo americano.

"Somos contra a política dos EUA e não contra os americanos", afirmou. Questionados, com auxílio de um tradutor, sobre o motivo pelo qual são contrários aos Estados Unidos, muitos indianos pobres dizem apenas que o Bush é "ruim" para os pobres.

As manifestações --e as falas dos conferencistas do fórum-- mostram que a ocupação do Iraque acentuou o sentimento antiamericano nos países pobres.

O sentimento anti-Bush é também uma espécie de ponte que liga os militantes de culturas, classes sociais e formação distintas. É capaz de unir camponeses a estudantes de classe média.

O movimento Paz no Mundo Agora, do Japão, é um bom exemplo disso. Ele reúne 50 organizações não-governamentais pacifistas formadas apenas por estudantes. No fórum, protesta ao lado de paquistaneses e indianos semi-analfabetos.

O francês José Bové, um dos militantes mais conhecidos no mundo, disse ontem que, na Europa, cada vez mais os movimentos de esquerda estão se mobilizando para protestar contra as regras da OMC, ditadas pelos EUA.
 

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