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03/03/2004 - 17h00

Entenda o caso do assassinato dos fiscais do Trabalho em MG

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da Folha Online

No último dia 28 de janeiro, uma operação de fiscalização em fazendas de feijão na região noroeste de Minas Gerais culminou no assassinato do auditores Nelson José da Silva, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e o motorista Aílton Pereira de Oliveira. Eles foram surpreendidos em uma emboscada na estrada próxima a Unaí (604 km de Belo Horizonte).

O objetivo dos fiscais era vistoriar as condições de trabalho, remuneração e acomodação das pessoas arregimentadas para colherem a safra de feijão na região, que acontece de 15 de janeiro até o final de fevereiro. Os auditores também iriam averiguar as condições das instalações das fazendas.

O crime, segundo a polícia, ocorreu em um trevo conhecido como Sete Placas, numa rodovia vicinal da MG-188, que dá acesso aos municípios de Unaí, Paracatu e Bonfinópolis de Minas.

A caminhonete Ford Ranger, oficial da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) de Paracatu, foi abordada no trevo, por volta das 8h, por dois veículos: uma outra Ranger, preta, e uma picape Fiat Strada cinza, no relato do motorista do grupo, Aílton Pereira de Oliveira, 52, que, mesmo ferido na cabeça, dirigiu quatro quilômetros até encontrar um fazendeiro da região, que o socorreu.

Oliveira, que acabou morrendo no Hospital de Base, em Brasília (DF), para onde foi levado, informou à polícia que conseguiu ver dois homens fazendo os disparos de dentro da Ford Ranger. Mas a PF trabalha com a hipótese de que sejam três os assassinos. O indício surgiu de depoimentos da população local e dos levantamentos da equipe de Inteligência da PF.

Os disparos foram direcionados para as cabeças das vítimas, o que denota, segundo a polícia, uma ação de matadores profissionais.

De acordo com a delegada-regional-substituta do Trabalho em Minas Gerais, Denise Déia, Silva havia recebido, no ano passado, ameaças de morte por parte de dois fazendeiros e de um aliciador (chamado de "gato") de mão-de-obra da região de Paracatu.

Força-tarefa

A apuração do crime em Unaí foi considerada prioridade para o governo federal. Na noite do dia 28, o presidente interino José Alencar determinou que fosse criada uma força-tarefa para investigar o assassinato dos três fiscais e do motorista. O grupo foi composto pelas polícias federal, rodoviária federal, civil e militar de Minas Gerais e pelo Ministério Público.

Em companhia do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, do secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, o presidente interino participou do velório das vítimas, na sede do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), em Belo Horizonte.

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) foi designado coordenador da comissão da Câmara dos Deputados no acompanhamento à investigação sobre o assassinato dos fiscais do Ministério do Trabalho. Além de Greenhalgh, a comissão foi composta por oito parlamentares de seis partidos.

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), também ordenou a formação de um grupo de investigação composto por membros da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Departamento Estadual de Operações Especiais, que atua em conflitos agrários.

Para a coordenadora nacional do Programa de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Patrícia Audi, independentemente de se confirmar ou não a ligação do caso com a ocorrência de trabalho escravo, o crime foi um "atentado ao Estado, aos direitos humanos e àqueles que defendem a democracia".

Indenização

No dia seguinte ao crime (29), o ministro Nilmário Miranda (Secretaria Especial de Direitos Humanos) propôs que a Secretaria e o Ministério do Trabalho preparassem um projeto de lei para indenizar as famílias dos três auditores fiscais do trabalho e do motorista da Delegacia Regional do Trabalho de Minas (DRT-MG). Tanto o motorista como os fiscais assassinados deixaram mulher e filhos.
 

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