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04/02/2004 - 07h43

Lula quer mais fiscais para pressionar os fazendeiros

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EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ontem ao ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) que contrate mais fiscais e passe a "incomodar muito mais" os fazendeiros que não cumprem as leis trabalhistas, mantendo em suas propriedades trabalhadores em situação análoga à escravidão.

"Eu quero dizer ao ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que, se três fiscais incomodaram tanto, que trataram de assassiná-los, a ordem é mais fiscais para incomodá-los muito mais", afirmou o presidente, durante ato litúrgico multirreligioso, ontem na Catedral de Brasília, em homenagem aos três auditores do Ministério do Trabalho e de seu motorista assassinados a tiros na última quarta-feira, em Unaí (MG).

Até agora, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça disseram apenas ter "pistas" dos assassinos e que se trata de um crime cometido por "profissionais".

Além de Berzoini, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) também recebeu um recado de Lula, durante discurso na Catedral de Brasília: "Márcio, coloque o que a gente tiver de mais capacitação profissional, mais o que tivermos de tecnologia, porque nós não poderemos deixar impunes as pessoas que assassinaram quatro trabalhadores que estavam, na pior das hipóteses, sob a tutela do governo brasileiro".

Antes do ato, realizado no final da tarde de ontem, o presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, conversaram a portas fechadas com os familiares dos fiscais e do motorista assassinados, em uma das salas da catedral.

O vice-presidente José Alencar, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, e 13 ministros compareceram ao ato. No final da cerimônia, celebrada pelo frade dominicano Frei Betto (assessor especial da Presidência), cumprimentaram um a um todos os familiares dos mortos. Marisa chorou após abraçar um dos familiares.

Aos familiares, o presidente pediu "toda a paciência do mundo", dizendo que "nem todo o crime é desvendado". "O que eu posso assegurar aos familiares é que nós faremos o que estiver ao alcance. Só não poderemos condenar inocentes ou prender inocentes."

No início do discurso, improvisado, o presidente fez mea culpa de quando ainda era postulante ao Palácio do Planalto: "Possivelmente em outros tempos eu estivesse aqui a cobrar pressa da polícia na apuração desse crime. E hoje, como presidente da República, eu tenho a consciência de que foi feito e está sendo feito o que podia e o que pode ser feito".

Projeto

Nos próximos dias, Lula prometeu encaminhar ao Congresso um projeto de lei que garanta, além de uma indenização aos familiares, estudos até o final da universidade para os filhos dos assassinados em Unaí. O governo federal já havia oferecido o mesmo aos familiares e filhos dos 21 mortos no ano passado na explosão de um veículo lançador de satélites na Base de Alcântara, no Maranhão.

O ministro Thomaz Bastos disse ter em mãos um relatório preliminar da PF no qual "existem várias pistas". "Devemos seguir as investigações com o maior cuidado para não cometer deslizes".

Segundo Lula, o caso servirá de lição. "Não descansaremos enquanto não apurarmos isso. Para que sirva de lição a outros que porventura tenham a disposição de matar um chefe de família que saiu de sua casa para prestar serviço à nação, ao seu povo, para o cumprimento da lei."
 

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