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10/02/2004 - 08h06

Entidade ajuda cidade do semi-árido mineiro

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da Folha de S.Paulo

Os 14 mil moradores da cidade mineira de Itinga poderão enfrentar a provável seca de 2004 com um elemento inexistente em anos anteriores: o acesso à água, graças à perfuração de dez poços semi-artesianos na região, que já estão sendo utilizados na irrigação de hortas comunitárias.

A perfuração dos poços é uma das 18 ações do Projeto Itinga, elaborado entre março e abril de 2003 por iniciativa da Conib (Confederação Israelita do Brasil). A entidade "adotou" a cidade do Vale do Jequitinhonha, no semi-árido mineiro, depois de conversas com Frei Betto, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o engajamento da comunidade judaica no programa federal Fome Zero.

Financiado com doações, o programa começou a ser implementado em julho. As primeiras ações foram emergenciais: distribuição de 4.000 cestas básicas, doação de uma ambulância e entrega de água por meio de carros-pipa.

Itinga foi uma das cidades visitadas por Lula e seus ministros em janeiro de 2003, quando o presidente recém-empossado levou seu gabinete para ver de perto regiões miseráveis do país. Com quase 60% da população na zona rural, Itinga tem IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 0,623, o que a coloca na posição 4.250 entre 5.507 municípios brasileiros.

As pessoas que estão na zona rural vivem em pequenas comunidades espalhadas nos 1.600 KM2 do município, uma área maior que a da cidade de São Paulo.

O presidente da Conib, Berel Aizenstein, afirma que ações de solidariedade fazem parte da cultura judaica: "A comunidade judaica foi estigmatizada ao longo da história por perseguições e, por conta disso, desenvolveu um mecanismo de defesa e solidariedade ao qual se dá o nome de tzedaka, cuja tradução é "justiça social'".

O principal objetivo do programa, segundo Aizenstein, é criar condições estruturais de desenvolvimento econômico sustentado da região, que dispense ações emergenciais como a distribuição de cestas básicas. "Itinga é uma cidade de viúvas de maridos vivos, porque os homens são obrigados a abandonar a cidade em busca de emprego", observa Aizenstein.

Até agora, a principal ação nesse sentido foi a perfuração dos poços semi-artesianos, que amenizou o maior drama da cidade, que é a falta de água. As obras foram realizadas com duas máquinas doadas pela Conib à população, ao custo total de R$ 16 mil. Cada poço requer o investimento adicional de R$ 3.000. Eles são perfurados com tecnologia da Universidade Federal do Ceará.

O coordenador do projeto, Wilson Reinhardt Filho, sustenta que o principal fator de sucesso das ações é a consulta à comunidade, o envolvimento da população na implementação das ações e a exigência de contrapartidas.

Na perfuração dos poços, por exemplo, é prevista a doação de um hectare de terra pelo dono da propriedade onde é encontrada a água. No terreno, é desenvolvida uma horta comunitária, que tem sua produção distribuída de acordo com critérios estabelecidos previamente.

Outro exemplo é a reforma do Mercado Municipal, realizada pelos comerciantes de Itinga em contrapartida à construção, pela Conib, de um novo matadouro municipal, em substituição ao antigo, que não tinha mais condições adequadas de higiene.

Até agora, foram gastos R$ 500 mil no Projeto Itinga, que prevê ações ambiciosas, para as quais ainda não há recursos. Entre elas, está a fruticultura, que precisaria de investimento de US$ 400 mil (R$ 1,2 milhão) para ser implantada em uma área de 200 hectares.
 

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