Publicidade
Publicidade
11/02/2004
-
20h45
SÍLVIA FREIRE
DAYANNE MIKEVIS
da Agência Folha
Em pelo menos dois Estados --Alagoas e Pará-- as bolsas do Peti (Programa de Erradicação do Trabalha Infantil) não estão sendo pagas às famílias desde dezembro de 2003. Em Minas Gerais, o repasse de janeiro do Peti ainda não foi feito.
Os repasses do programa às prefeituras também estão atrasados, segundo informações das secretarias que gerenciam os programas nos Estados.
Segundo o secretário de Assistência Social de Alagoas, Ricardo Santa Ritta, o repasse do Peti em 2003 era de R$ 7 milhões. "Em 2004, ainda não recebemos nada e dezembro [de 2003] ainda não foi pago", disse o secretário.
Em Alagoas, 25 mil crianças de todos os 102 municípios do Estado estão no programa. São crianças que exerciam atividades perigosas, insalubres ou degradantes e que agora freqüentam a escola e têm uma jornada complementar com atividades lúdicas e educativas.
No Pará, as 20.618 crianças atendidas pelas bolsas do Peti não recebem nada desde dezembro. O repasse da verba de R$ 947,7 mil deve chegar somente daqui a duas semanas, segundo a Secretaria Executiva do Trabalho e Promoção Social do Estado. Os atrasos são constantes, também segundo a secretaria.
As prefeituras temem que, sem a verba, as crianças voltem a trabalhar. Em Abaetetuba (a 60 km de Belém), por exemplo, 2.019 crianças e adolescentes não recebem o benefício do Peti desde junho devido a um problema na prestação de contas. Com o atraso, muitas crianças voltaram ao trabalho nas olarias. Na atividade, registram-se casos de escalpamento e decepação de mãos e pés.
O Peti paga às famílias uma bolsa mensal de R$ 40 por criança nas áreas urbanas e R$ 25 nas áreas rurais. Em contrapartidas, elas devem freqüentar a escola e as atividades complementares e não podem voltar ao trabalho. O programa prevê também a participação das famílias na ações para geração e ampliação de renda.
Os repasses feitos às prefeituras são usados para custear as jornadas complementares. O programa prevê o repasse ao municípios de R$ 10 por criança na área urbana e R$ 20 na área rural.
Segundo a coordenadora do programa em Minas Gerais, Eliane Quaresma, o atraso é normal na virada do ano, período em que os Estados apresentam seus planos de ação ao governo federal.
De acordo com Quaresma, o Peti atende 182 dos 853 municípios mineiros, com 33 mil crianças e adolescentes beneficiados. O valor orçado para o Estado em 2003 foi de R$ 15,4 milhões.
Abrinq
O diretor presidente da Fundação Abrinq, Rubens Naves, disse que a entidade irá cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o compromisso de não contingenciar os recursos para o combate ao trabalho infantil.
"O presidente assinou um compromisso com a Fundação Abrinq se comprometendo a não contingenciar [o Peti]. Ou ele compensa de outra forma ou vamos pressioná-lo", disse Naves.
A Fundação Abrinq, criada pela Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, é uma das entidades pioneiras no país no combate ao trabalho infantil. Oded Grajew, ex-assessor especial da Presidência e amigo do presidente Lula, foi um de seus fundadores.
Para a procuradora Eliane Araque dos Santos, coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho Infantil e do Adolescente, do Ministério Público do Trabalho, o Bolsa-Família, programa que pode incorporar o Peti, não tem a preocupação de afastar a criança do trabalho.
"O Bolsa-Família tem como contrapartida manter a criança na escola, mas a de retirá-lo do mercado de trabalho", disse a procuradora.
Segundo ela, o esvaziamento do Peti foi uma surpresa. Nas discussões com a ex-ministra Benedita da Silva (da extinta pasta da Assistência Social), no ano passado, havia a expectativa de ampliação do programa.
Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da Agência Folha, em Belo Horizonte
Bolsas do Peti não são pagas desde dezembro de 2003
Publicidade
DAYANNE MIKEVIS
da Agência Folha
Em pelo menos dois Estados --Alagoas e Pará-- as bolsas do Peti (Programa de Erradicação do Trabalha Infantil) não estão sendo pagas às famílias desde dezembro de 2003. Em Minas Gerais, o repasse de janeiro do Peti ainda não foi feito.
Os repasses do programa às prefeituras também estão atrasados, segundo informações das secretarias que gerenciam os programas nos Estados.
Segundo o secretário de Assistência Social de Alagoas, Ricardo Santa Ritta, o repasse do Peti em 2003 era de R$ 7 milhões. "Em 2004, ainda não recebemos nada e dezembro [de 2003] ainda não foi pago", disse o secretário.
Em Alagoas, 25 mil crianças de todos os 102 municípios do Estado estão no programa. São crianças que exerciam atividades perigosas, insalubres ou degradantes e que agora freqüentam a escola e têm uma jornada complementar com atividades lúdicas e educativas.
No Pará, as 20.618 crianças atendidas pelas bolsas do Peti não recebem nada desde dezembro. O repasse da verba de R$ 947,7 mil deve chegar somente daqui a duas semanas, segundo a Secretaria Executiva do Trabalho e Promoção Social do Estado. Os atrasos são constantes, também segundo a secretaria.
As prefeituras temem que, sem a verba, as crianças voltem a trabalhar. Em Abaetetuba (a 60 km de Belém), por exemplo, 2.019 crianças e adolescentes não recebem o benefício do Peti desde junho devido a um problema na prestação de contas. Com o atraso, muitas crianças voltaram ao trabalho nas olarias. Na atividade, registram-se casos de escalpamento e decepação de mãos e pés.
O Peti paga às famílias uma bolsa mensal de R$ 40 por criança nas áreas urbanas e R$ 25 nas áreas rurais. Em contrapartidas, elas devem freqüentar a escola e as atividades complementares e não podem voltar ao trabalho. O programa prevê também a participação das famílias na ações para geração e ampliação de renda.
Os repasses feitos às prefeituras são usados para custear as jornadas complementares. O programa prevê o repasse ao municípios de R$ 10 por criança na área urbana e R$ 20 na área rural.
Segundo a coordenadora do programa em Minas Gerais, Eliane Quaresma, o atraso é normal na virada do ano, período em que os Estados apresentam seus planos de ação ao governo federal.
De acordo com Quaresma, o Peti atende 182 dos 853 municípios mineiros, com 33 mil crianças e adolescentes beneficiados. O valor orçado para o Estado em 2003 foi de R$ 15,4 milhões.
Abrinq
O diretor presidente da Fundação Abrinq, Rubens Naves, disse que a entidade irá cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o compromisso de não contingenciar os recursos para o combate ao trabalho infantil.
"O presidente assinou um compromisso com a Fundação Abrinq se comprometendo a não contingenciar [o Peti]. Ou ele compensa de outra forma ou vamos pressioná-lo", disse Naves.
A Fundação Abrinq, criada pela Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, é uma das entidades pioneiras no país no combate ao trabalho infantil. Oded Grajew, ex-assessor especial da Presidência e amigo do presidente Lula, foi um de seus fundadores.
Para a procuradora Eliane Araque dos Santos, coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho Infantil e do Adolescente, do Ministério Público do Trabalho, o Bolsa-Família, programa que pode incorporar o Peti, não tem a preocupação de afastar a criança do trabalho.
"O Bolsa-Família tem como contrapartida manter a criança na escola, mas a de retirá-lo do mercado de trabalho", disse a procuradora.
Segundo ela, o esvaziamento do Peti foi uma surpresa. Nas discussões com a ex-ministra Benedita da Silva (da extinta pasta da Assistência Social), no ano passado, havia a expectativa de ampliação do programa.
Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da Agência Folha, em Belo Horizonte
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice