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12/02/2004 - 19h14

Convocação extraordinária opõe Câmara e Senado

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CAMILO TOSCANO
da Folha Online, em Brasília

Em seu penúltimo dia, a convocação extraordinária do Congresso Nacional ressuscitou as divergências entre deputados e senadores, que passaram esta quinta-feira justificando a importância da convocação.

O custo da convocação foi de cerca de R$ 50 milhões, referentes a dois salários extras para cada congressista --um total de R$ 25.440 para o período de trabalho entre 19 de janeiro e 13 de fevereiro.

A Folha Online pediu entre ontem e hoje uma avaliação de deputados e senadores sobre o que foi votado --quantidade e importância. Na Câmara, o discurso predominante era o de que o Senado insistiu pela convocação, mas trabalhou pouco; no Senado, preponderaram as reclamações sobre as comparações feitas pelos deputados.

O ponto alto da "troca de responsabilidade" por eventuais prejuízos à imagem do Congresso foi a entrevista coletiva concedida hoje pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Ele apresentou um balanço do que foi votado na Casa no período (22 matérias) e disse que os deputados cumpriram seu papel.

"Gostaria de dizer que a Câmara era contrária à convocação. Convocada, a Câmara deu conta do recado. Acho que não precisávamos ter a convocação, mas a Câmara trabalhou rápido."

Fim do Senado

A mais inusitada das opiniões partiu do deputado federal Carlito Merss (PT-SC), vice-líder do partido na Casa. Para ele, a convocação trouxe à tona a necessidade de se alterar o papel do Senado. "Estou cada vez mais convencido de que o Senado precisa acabar ou mudar suas prerrogativas. O Senado deve ser uma Casa revisora das leis", disse.

Segundo Merss, não fosse o adiamento da votação do PPP (Parceria Público-Privada) os deputados teriam cumprido suas tarefas, apesar de a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) paralela --principal objetivo da convocação-- não ter sido aprovada.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusou o governo de ter errado ao convocar o Congresso, já que a Câmara não votou a PEC paralela. "Essa convocação extraordinária é uma farsa. Foi feita para agradar aos senadores e fracassou no que era seu foco principal, a aprovação da PEC paralela", afirmou.

Para o presidente da Câmara, "quem teve a idéia da convocação sabia que uma emenda constitucional não poderia ter avançado mais" --a PEC paralela está na comissão especial, onde será discutida e votada antes de chegar ao plenário.

Frustração X Trabalho

Hoje sem partido, o deputado federal Fernando Gabeira (RJ) afirmou que a polêmica é fruto de um "erro de origem" da convocação: o pagamento de salários extras.

"O que está se cobrando é o fato de termos dois salários extras e não termos cumprido nosso objetivo. Reconheço que a opinião pública deva estar frustrada", disse. "A convocação prevê dois salários, o que é um erro de origem. Os deputados deveriam ter direito a férias semelhante a dos demais trabalhadores."

Empossada nesta semana como líder do PT na Casa, a senadora Ideli Salvatti (SC) cobrou dos deputados uma "comparação proporcional" e disse que o período serviu para acelerar a tramitação. "Não adianta dizer votamos 15 e vocês votaram 4. A pauta da convocação do Senado era muito menor", afirmou. "Não tendo havido a convocação, não teríamos a votação de nenhum desses temas antes de abril."

De acordo com ela, o fato de as medidas provisórias chegarem primeiro na Câmara para depois serem analisadas pelo Senado deixou os senadores à espera de projetos. A senadora minimizou um eventual impacto negativo do pouco número de projetos votados em plenário, dizendo que no ano passado foram votados temas "que estavam na Casa há anos" --citou os estatutos do desarmamento e do idoso e as reformas da Previdência e tributária.

Para Salvatti, a principal meta do Senado é a reforma do Judiciário, que não teria avançado mais --está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)-- por conta do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa. "O presidente do Supremo não facilitou nossa vida. Em fevereiro, as duas vezes em que foi convidado, cancelou", disse.

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