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25/02/2004 - 08h20

Para militares, compra de caças é teste para governo

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RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Depois do Carnaval, provavelmente em meados de março, o governo federal deverá decidir sobre a compra de novos caças para a FAB (Força Aérea Brasileira). O resultado da licitação, um negócio de cerca de US$ 700 milhões, está sendo visto pelos militares como uma espécie de teste das intenções da administração petista em relação às Forças Armadas.

Durante a campanha eleitoral o candidato Luiz Inácio Lula da Silva havia prometido mundos e fundos aos militares, que votaram maciçamente nele. O discurso nacionalista de Lula era particularmente agradável aos homens de farda, assim como a promessa de modernização do equipamento.

Durante encontros no Clube da Aeronáutica entre militares da reserva e os então candidatos, em setembro de 2002, Lula foi o mais aplaudido pois falou exatamente o que os militares queriam ouvir.

Defendeu a continuidade de projetos como o submarino nuclear da Marinha e o Veículo Lançador de Satélites da Aeronáutica, a troca dos caças e uma maior presença militar na Amazônia.

"Eu quero dormir tranqüilo sabendo que tenho Forças Armadas fortes velando pelo meu sono", declarou Lula então. O presidente Lula não só ainda não cumpriu essas promessas, como atrasou em mais de um ano a compra dos caças, o chamado programa F-X --cuja função é justamente a defesa aérea da região de Brasília.

O contigenciamento de verbas também afeta Marinha e Exército. A insatisfação é geral entre oficiais ouvidos pela Folha, que já comparam Lula com Fernando Henrique Cardoso, que fez grandes cortes nas despesas militares.

Cortes

Mesmo que em termos percentuais a área de defesa tenha recebido cortes menores que outros ministérios, o contingenciamento é grave pois afeta projetos que vêm sendo tocados há vários anos, além de comprometer o adestramento da tropa.

Um exemplo é o que acontece com uma corveta em lenta fabricação no Rio, a Barroso. As quatro primeiras corvetas da classe Inhaúma foram construídas, em média, em seis anos cada uma. Em países do Primeiro Mundo, esse tipo de navio costuma ser construído em três a quatro anos.

A Barroso teve a construção iniciada em 1994, e no ritmo atual, só fica pronta em 2006 --o dobro do tempo de suas irmãs de classe, e três a quatro vezes mais lentamente do que poderia ser feito. Qualquer navio que leve doze anos para ficar pronto fica obsoleto mais rapidamente, e as modificações necessárias ao longo da construção para evitar isso também podem aumentar seu custo.

Submarino

O mesmo vale para o submarino Tikuna, o quarto a ser construído no país. Seu acabamento está previsto também para 2006 --nove depois depois de iniciado.

Justamente pelo tempo necessário para projetar e construir um novo navio a Marinha tem que planejar com antecedência.

A lista de navios a serrem construídos inclui submarinos, navios de escolta, navios de apoio, caça-minas, navios-patrulha, navios de hidrografia e oceanografia. Além disso, o porta-aviões São Paulo precisará de aviões-radar de alarme antecipado para poder operar com eficiência.

Se faltarem os recursos para essa paulatina substituição de meios, a Marinha vai ter o mesmo destino da FAB: obsolescência em bloco simultânea.
 

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