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03/03/2004 - 07h10

Governo usará denúncia vazia para desqualificar ataques da oposição

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A cúpula do governo avalia que o episódio do senador Almeida Lima (PDT-SE), cuja prometida revelação bombástica se mostrou vazia, permite uma contra-ofensiva política para tentar minimizar o desgaste do caso Waldomiro Diniz. O discurso de Lima, que afetou os indicadores econômicos, será usado como argumento de que a oposição não tem fatos concretos contra o ministro José Dirceu (Casa Civil) e que faz guerra política contra o governo.

Segundo a Folha apurou, o discurso de Lima deu gás para Dirceu continuar no cargo numa hora em que sua saída temporária voltou a ser cogitada por parte da cúpula do governo. Motivo: o discurso diminuiu a repercussão no Congresso da pesquisa Datafolha publicada ontem mostrando que 67% dos entrevistados querem a saída de Dirceu do cargo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não gostou da movimentação de Dirceu para tentar transferir a crise para o colega Antonio Palocci Filho (Fazenda), buscando minar a política econômica e inflar a repercussão ruim da queda de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto).

O dia de ontem começou tenso no Palácio do Planalto --em particular, para Dirceu-- devido à pesquisa. O próprio ministro demonstrou abatimento ao ver a pesquisa (81% querem CPI para investigar o caso Waldomiro, por exemplo). O levantamento foi avaliado como ruim para Dirceu, mas bom para o presidente, já que mostrou que, por ora, sua popularidade não foi afetada pelo escândalo Waldomiro (ex-assessor de Dirceu flagrado em vídeo de 2002 pedindo propina e contribuição de campanha a um empresário).

Nesse contexto, parte da cúpula do governo, na qual Dirceu se inclui, amanheceu com a avaliação de que talvez fosse necessário rediscutir o afastamento temporário da Casa Civil.

No entanto, à tarde, logo após o discurso de Lima, o ministro da Casa Civil voltou a se mostrar combativo e animado, segundo descrição de um interlocutor.

Nas palavras de um ministro próximo a Dirceu, o discurso de Lima saiu melhor do que a "encomenda" para o governo.

Da tribuna, Lima leu relatório parcial do delegado federal Herbert Mesquita no qual ele diz que Dirceu teria tentado abafar no ano passado investigações sobre atos que Waldomiro praticou no tempo em que presidiu a Loteria do Estado do Rio de Janeiro nos governos Anthony Garotinho (PMDB) e Benedita da Silva (PT). O relatório, porém, já havia sido publicado por diversos jornais e a parte que se referia a Dirceu era baseada em notas da imprensa. Até a oposição reprovou o ato.

Dirceu acredita que isso o beneficiará, por permitir argumentar que as denúncias que buscam envolvê-lo são vazias. Parte da cúpula do Palácio do Planalto compra esse discurso, mas outra parte teme o "sangramento diário" do governo com Dirceu no posto.

Os membros do governo que se mostram pessimistas avaliam que a imprensa continuará a investigar Waldomiro e outros petistas ligados a Dirceu. Para eles, há um efeito paralisante na administração pela expectativa de um fato novo.
 

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