Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/09/2000 - 03h19

Direção do PT vai ouvir Luz sobre propina da Brasal

Publicidade

da Folha de S.Paulo

A Executiva Regional do PT no Rio e a bancada do partido na Assembléia Legislativa vão se reunir na segunda-feira com o deputado estadual Hélio Luz (PT) para ouvi-lo sobre as acusações de que ele teria recebido dinheiro da empresa Brasal, antiga fornecedora de refeições aos presídios do Estado.

Inquérito conduzido pelo Ministério Público do Rio mostra que Luz, quando era delegado em Itaperuna (RJ), em 1990, recebeu dinheiro do dono da Brasal, Jair Coelho, o "rei das quentinhas", preso e investigado por falsidade ideológica e formação de quadrilha. O Ministério Público também está investigando as relações entre Luz e a Brasal, quando ele era chefe da Polícia Civil (1995-1996).

Assessores de Luz informaram que ele estava fora do Rio e que faria um pronunciamento na noite de ontem ou hoje. Procurado em seu celular pela Folha, o deputado não foi encontrado.

Delegado considerado uma espécie de "xerife da esquerda", o polêmico Luz assumiu a chefia da Polícia Civil quando era secretário de Segurança o general linha-dura Nilton Cerqueira, no governo de Marcello Alencar (PSDB). Luz conseguiu prender traficantes famosos com a ajuda da chamada "banda podre" da polícia e, já na época, fez várias críticas aos serviços prestados pela Brasal.

Atualmente, é um dos deputados mais críticos do governador Anthony Garotinho (PDT) e questionou o trabalho do Ministério Público Estadual nas investigações de irregularidades dentro do governo estadual.

Segundo o Ministério Público, Luz disse em depoimento ter recebido dinheiro de Jair Coelho para comprar comida para 30 policiais, depois que reclamou da qualidade da comida da Brasal.

O procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho, disse que, no depoimento, Luz afirmou não se lembrar de quanto recebera, por quanto tempo e se havia feito o mesmo em outras delegacias pelas quais passou. Piñeiro não disse se havia outros depósitos em nome de Luz.

"Ele não prestou contas, e isso já é uma irregularidade administrativa. Seguiremos investigando para saber se há uma improbidade administrativa ou algum ilícito penal", afirmou Piñeiro.

O procurador disse que, normalmente, casos de improbidade (puníveis com perda da função pública, multa ou suspensão dos direitos políticos) prescrevem após cinco anos.

A Brasal fornecia marmitas ao governo do Rio até meados deste ano, mas o contrato foi suspenso depois da descoberta de que os preços eram superfaturados. Coelho também usava títulos frios como caução da dívida com o Estado. O caso provocou a queda de um secretário de Justiça, Antônio Oliboni, e a prisão de Coelho.

Para o presidente do PT no Rio, Carlos Santana, Luz cometeu "uma ingenuidade". "Estranho que isso surja quando as pesquisas apontam a subida de Benedita da Silva (candidata do PT à Prefeitura) nas pesquisas", afirmou.

"Há um interesse em expor Luz, com a tentativa de transformar uma irregularidade administrativa que de fato aconteceu num escândalo de corrupção -o que não é o caso", disse o vice-líder da bancada petista, Chico Alencar.

Em visita ao Rio, o líder do PT, Luiz Inácio da Silva, defendeu a apuração dos fatos. Lula salientou, em tom de brincadeira, que tudo "foi uma coisa feita quando ele (Luz) não era do PT". "Foi no mínimo uma inocência política. Mas eu gostei da sinceridade dele. Ele reconhece que cometeu um erro. Não acredito que ele tenha embolsado um real com isso".

Leia mais notícias de política na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página