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10/03/2004 - 20h01

PF usa delegados para "driblar" greve no porto

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FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Com a escalação de delegados para cumprir tarefas dos agentes, a direção local da Polícia Federal conseguiu contornar parcialmente hoje os efeitos da greve no porto de Santos (SP), o maior do país.

A conferência dos documentos de tripulantes e a emissão de passes de entrada e saída das embarcações, um dos requisitos para a atracação de navios no porto, passou a ser feita, ainda que precariamente, por dois delegados de plantão na sede do Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima), na faixa do cais.

Em vez de equipes com quatro policiais subirem a bordo para realizar as inspeções, os delegados fizeram plantão no Nepom para receber as listagens e os documentos de tripulantes, entregues por funcionários das agências marítimas representantes dos navios.

"Os serviços nos navios estão transcorrendo normalmente", afirmou o gerente-executivo do Sindamar (Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo), José Roberto Mello. Hoje, havia 32 navios cargueiros e um de passageiros em operação, segundo dados da Codesp (estatal administradora do porto).

Apesar disso, as atividades de patrulhamento terrestre na faixa do cais e marítimo no canal do Estuário estavam suspensas devido à paralisação dos agentes, escrivães e papiloscopistas, segundo confirmaram o porta-voz do comando de greve, Carlos Nunes, e o delegado Cássio Luís Guimarães Nogueira, da direção local da Polícia Federal.

Segundo Nunes, a adesão à greve em Santos era total, mantidos somente os serviços considerados essenciais e a vigilância das instalações físicas da PF.

A assessoria do terminal de passageiros do porto informou que não foram registrados problemas decorrentes da greve no embarque e no desembarque do transatlântico Costa Alegra, que fazia um cruzeiro pela costa da América do Sul e tinha partida prevista para o final da tarde de hoje.

Na tarde de hoje, o Sindamar ingressou com um mandado de segurança na Justiça Federal a fim de garantir que os associados não sofram nenhum tipo de sanção se algum navio entrar e sair do porto sem inspeção prévia da PF, devido à greve.

Bananas

No Rio Grande do Norte, os policiais federais em greve ofereceram hoje à imprensa, em frente à superintendência da PF em Natal, um café da manhã que usou banana como ingrediente de todos os pratos que foram servidos, como bolos, pastéis e pizzas.

Odilon Benício Jr., presidente do Sinpef-RN (Sindicato dos Servidores do Departamento da Polícia Federal no Estado do Rio Grande do Norte), afirmou que "a gente está aproveitando a banana que recebeu do governo", em alusão às reivindicações da categoria que não foram atendidas. Ele acredita que a manifestação tenha reunido em torno de 130 pessoas. Não houve tumulto no local.

Na Paraíba, os policiais federais em greve fizeram durante a tarde de hoje a entrega de suas armas para a coordenação da superintendência da PF. De acordo com o presidente do Sinpef-PB (Sindicato dos Policiais Federais no Estado da Paraíba), Silvio Reis, a adesão à greve foi de 100% da categoria. Ele afirmou que, como em outros Estados, apenas os serviços essenciais estão sendo realizados.

Atrasos em aeroportos

Os desembarques de vôos internacionais no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, sofreram atrasos de entre 40 e 60 minutos hoje, em razão da greve da PF.

O atraso ocorre na checagem dos documentos. Apenas dois dos quatro agentes nessa função atenderam ao público. Outros dois, paralisados, apenas prestam informações a respeito da greve.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul, Marcos Vinício Winck, o número de quatro policiais já era reduzido, pois o ideal é que, para essa tarefa estivessem destacados pelo menos seis homens --isso se deve, segundo Winck, à falta de contingente da corporação.

No Rio Grande do Sul, a greve atingiu todas as delegacias, parando vários trabalhos, como os de investigação. Foram mantidos serviços essenciais como no setor de imigração dos aeroportos, nos portos e nas aduanas. A emissão de passaportes foi suspensa, a não ser em casos de comprovada urgência.

Em Salvador, os vôos internacionais que partiram hoje do Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães tiveram um atraso médio de três horas, em conseqüência da greve. Hoje à tarde, apenas dois agentes estavam de plantão para fazer todo o trabalho de checagem dos documentos --normalmente, cinco agentes trabalham no local.

Na noite de ontem, cerca de 250 passageiros de um vôo para Madri esperaram quase quatro horas para o embarque. Cansados e sem muita paciência, pelo menos 50 passageiros cochilaram no saguão ou em cima das bagagens.

MG em greve

Agentes da Polícia Federal de Belo Horizonte devem aderir hoje à greve nacional da categoria. Hoje, houve restrições no atendimento no setor de passaporte, segundo o sindicato da categoria. No aeroporto internacional de Confins, o atendimento da PF foi normal.

A Superintendência da PF na capital mineira, no entanto, negou que tenha havido restrições na emissão de passaportes. De acordo com o órgão, foram emitidos hoje cerca de 150 documentos.

Colaboraram VICTOR RAMOS, da Agência Folha, LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre, LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador, e PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte
 

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