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18/03/2004 - 06h00

Waldomiro confirmou indicação, diz GTech

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ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O ex-presidente da GTech Antonio Carlos Lino da Rocha disse à Polícia Federal ter ouvido de Waldomiro Diniz a confirmação de que Rogério Buratti seria o nome a ser contratado pela empresa. Em troca da contratação, a multinacional teria renovado o contrato de R$ 650 milhões com a Caixa Econômica Federal para operar o sistema de loterias do país.

Buratti foi secretário do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) em seu primeiro mandato como prefeito em Ribeirão Preto.

Em depoimento à PF na última sexta-feira, Rocha contou que a confirmação de Waldomiro se deu depois que a GTech havia fechado a renovação de seu contrato com a Caixa. Rocha teria telefonado para Waldomiro com dois objetivos: 1) informá-lo de que "havia de fato sido procurado por uma pessoa de nome Rogério Buratti"; 2) "[...] ter clareza de que a pessoa a que Waldomiro se referira fora Rogério Buratti, como efetivamente ficou confirmado, vez que, ao ser informado do veto, Waldomiro lhe propôs a substituição por outra [pessoa]".

Em 31 de março de 2003, num café da manhã em Brasília, Rocha, conforme seu depoimento à PF, fora informado por Waldomiro de que "uma pessoa influente no processo de renovação do contrato iria procurá-lo, com o objetivo de ser contratada para permitir a concretização do negócio".

Waldomiro foi exonerado da Subchefia de Assuntos Parlamentares da Presidência em fevereiro, após aparecer em vídeo pedindo propina e contribuição de campanha a um empresário de jogos.

Também em depoimento à PF na última sexta, o diretor de marketing da GTech, Marcelo Rovai, afirmou que teve duas reuniões com Buratti para tratar de sua suposta participação no contrato. Em ambos os encontros, conforme Rovai, o consultor teria afirmado que trabalhou e ajudou no processo de negociação com a Caixa, sem, porém, precisar qual teria sido seu papel nem seus contatos na condução do processo.

Rovai conta ainda mais detalhes sobre a suposta participação de Buratti nessas duas reuniões. Diz que o consultor "solicitou o pagamento de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões de honorários". A proposta foi tratada no encontro como um "absurdo".

Segundo a depor à PF, Rocha disse que Buratti, por solicitação da GTech, enviou à empresa a documentação necessária para que sua contratação, como é de praxe na multinacional, fosse analisada. E acabou vetada. Em entrevista após a divulgação de seu nome, Buratti nega ter interferido na negociação do contrato.

Buratti deixou o cargo de secretário de Palocci em Ribeirão depois que se tornou pública a gravação de uma conversa na qual discute com um empreiteiro a distribuição de obras públicas. Hoje é vice-presidente da empreiteira Leão Leão, que mantém contratos com prefeituras petistas.

Ontem, a Folha revelou que Buratti foi sócio em uma empresa do atual chefe-de-gabinete de Palocci, Juscelino Dourado.

Rocha e Rovai repetiram ontem, na sindicância interna do Palácio do Planalto, o mesmo que disseram à PF: Waldomiro sugeriu a contratação de Buratti. O nome do ministro José Dirceu (Casa Civil), chefe de Waldomiro, não foi citado nenhuma vez durante os depoimentos dos executivos da GTech à sindicância.

O enfoque da comissão, que deve concluir os trabalhos na próxima semana, é apurar eventuais irregularidades cometidas por Waldomiro enquanto foi subchefe de Assuntos Parlamentares.

Bretas

Nos depoimentos de Rovai e Rocha está consignado que foi do vice-presidente de Logística da Caixa, Paulo Bretas, o primeiro alerta de que havia uma pendência para a assinatura do contrato, indicando que o problema seria de conhecimento de Enrico Gianelli, advogado da multinacional.

Conforme os relatos à PF, é Gianelli quem revela a contratação de Buratti como condicionante para o bom termo dos acertos entre Caixa e GTech.

Bretas disse que só manteve dois contatos com Buratti, ambos em setembro do ano passado e com o propósito de discutir um projeto ambiental da Leão Leão. O negócio não foi aprovado pela Caixa, segundo Bretas.
 

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