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21/03/2004 - 06h50

Palocci não foi investigado no caso de 94

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do enviado especial da Folha de S.Paulo a Ribeirão Preto

Citado numa conversa gravada em 1994 por Rogério Tadeu Buratti, seu secretário de Governo na época, o atual ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) nunca foi investigado ou prestou depoimento na investigação aberta pelo Ministério Público para apurar o caso. O procedimento foi arquivado em 1995 --e Buratti também não sofreu acusação.

No pedido de arquivamento, o promotor responsável pelo caso, José Antonio Vianna Cione, escreveu: "Não pode a conduta suspeita de um agente público, todavia, alcançar as pessoas dos demais administradores públicos municipais (...). O prefeito municipal, filho de saudoso artista plástico desta urbe, ex-vereador, ex-deputado estadual, não teve seu nome maculado em nenhum passo desta investigação". Buratti, na época homem forte do então prefeito Palocci Filho, na gestão 1993-1996, gravou uma conversa que manteve em seu gabinete, em 11 de agosto de 1994, com o empreiteiro de Volta Redonda (RJ) Antonio de Almeida Neto, da empreiteira Almeida & Filho.

A fita depois foi retirada do gabinete de Buratti (que alegou ter ocorrido um furto) e chegou à Folha, que publicou trechos da conversa em outubro do mesmo ano. Buratti deixou o cargo dias depois da divulgação, "a pedido".

A transcrição oficial do diálogo, feita pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, cita o nome de Palocci quatro vezes. Buratti aparece explicando ao empreiteiro que o prefeito estaria "autorizando" ou "liberando" determinados editais para obras públicas. "O Palocci falou naquele dia e falou pra mim que não sabe de queixa, pra tentar uma adequada, pra dar uma compensada pra vocês", disse Buratti ao empreiteiro. Buratti detalha como seria a divisão das obras entre os diferentes empresários. "O Zara [conjunto habitacional] sai agora (...) o Zara é o primeiro que sai, o Zara é esse aí, o Vela (...) que são os que Palocci autorizou e ele falou que não vai autorizar mais nada."

Em outra citação ao prefeito, Buratti usa um termo de difícil compreensão: "Porque o Palocci quer, inclusive eu não quis a granel, porque o Palocci acha que vocês são meio "Paquistão". Esse problema eu não entendo".

A comissão de sindicância, criada por ato de Palocci, considerou "ilícita" a gravação. E chegou a criticar Buratti por tê-la feito. "O procedimento de sua gravação foi alcançado mediante dissimulação, e violando os princípios da confiabilidade..." A comissão analisou os editais das obras e concluiu que o diálogo "revela total desencontro com as informações colhidas nos processos, sugerindo uma interlocução desprovida de raiz dos fatos". Ouvido, Buratti foi na mesma linha.
 

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