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21/03/2004 - 07h02

Assessor da Caixa tem ligação com Buratti

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RICARDO BRANDT
da Folha de S.Paulo

A presidência da CEF (Caixa Econômica Federal) tem como um de seus assessores especiais o economista Ralf Barquete Santos, que manteve no passado relações com Rogério Tadeu Buratti, acusado de ser o beneficiário num esquema para a renovação de um contrato da GTech do Brasil com a CEF para a operação de loterias.

Uma empresa de Buratti deveria ser contratada por um valor que variava de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões como condição para que o contrato da GTech com a CEF fosse renovado. O esquema foi intermediado por Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, entre março e abril do ano passado, segundo depoimentos de dirigentes da GTech à Polícia Federal.

Barquete, segundo a assessoria de imprensa da CEF, é assessor para assuntos de recursos humanos. Ele trabalha no banco desde fevereiro de 2003. Barquete está licenciado por motivos de saúde desde julho do ano passado.

Waldomiro, acusado de ter indicado Buratti à GTech, foi exonerado do cargo que ocupava em fevereiro passado depois da divulgação de uma fita de vídeo em que ele aparece cobrando propina de um empresário de jogos, em 2002, quando trabalhava no governo de Benedita da Silva (PT-RJ).

Buratti e Barquete tiveram em comum a passagem pela Prefeitura de Matão (SP) na gestão do PT entre 1996 e 2000. Buratti foi assessor especial do prefeito Adauto Scardoelli (PT) de janeiro de 1997 a abril de 1998. Depois, continuou atuando politicamente na cidade, mas sem cargo, segundo relatos de políticos locais feitos à Folha.

Barquete assumiu cargo na prefeitura em dezembro de 1998. Foi secretário de Fazenda e de Administração até o fim do governo.

Em 2000, a Assessorarte, que pertenceu a Buratti e hoje é da irmã Rosângela Buratti e de Luiz Antonio Prado Garcia, foi contratada pela Prefeitura de Matão para realizar concurso público. Não há contestação legal do contrato.

Os caminhos de Buratti e Barquete também se cruzam indiretamente em outros dois momentos. Ambos foram secretários da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) quando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, era prefeito da cidade (1993-1996 e 2001-2002). Buratti foi secretário de Governo na primeira gestão Palocci. Ele foi demitido do cargo em outubro de 1994, após ser flagrado negociando benefícios numa licitação.

Barquete foi secretário da Fazenda na segunda gestão Palocci. Ele assumiu em 2001 e só saiu para trabalhar na CEF em Brasília.
Os dois ex-assessores de Palocci também têm em comum as relações com o grupo Leão Leão, uma holding composta por empresas de construção, gestão ambiental e serviços de limpeza pública. O grupo foi o maior doador da campanha de Palocci na eleição para a Prefeitura de Ribeirão em 2000.

A Leão Leão também obteve entre 1997 e 2000, na administração do PT em Matão, quatro contratos que foram julgados irregulares pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Um deles foi julgado ilegal na Justiça em primeira instância e está em fase de recurso.

Buratti é hoje vice-presidente da Leão Leão. Ontem, ele pediu afastamento da empresa. Barquete prestou serviço de consultoria para o grupo em 1990 e 1991, segundo a assessoria da holding.

O ex-prefeito de Matão Adauto Scardoelli disse que Barquete não foi indicado por Buratti. "Ele [Barquete] veio por intermédio de uma empresa de informática."

Buratti afirmou ontem, por meio de assessoria, que é amigo de Barquete desde 2000 e que o visitou em 2003. Quanto a Waldomiro, alega que não o conhece.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda não quis comentar as relações do ministro com Barquete. Segundo a Folha apurou, Palocci não indicou, mas deu aval para sua contratação.
 

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