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26/03/2004 - 05h00

Promotoria faz blitz em fazenda de Buratti

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RUBENS VALENTE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Pedregulho (SP)
ROGÉRIO PAGNAN
JOEL SILVA

da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto

O Ministério Público de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, fez uma blitz ontem em Pedregulho para apreender documentos numa fazenda usada pelo consultor de empresas Rogério Tadeu Buratti, envolvido no escândalo Waldomiro Diniz, para criação de gado e plantação de café.

Com um mandado de busca e apreensão expedido pela juíza Ana Maria Fontes e acompanhados de oito policiais militares, quatro promotores apreenderam documentos e ouviram os funcionários da fazenda, que fica a cerca de 130 km de Ribeirão.

Os promotores apuram se a Fazenda Indaiá, de 62 alqueires, 158 cabeças de gado e 52 mil pés de café, pertence a Buratti --o que poderia caracterizar lavagem de dinheiro. Ele e sua família ocupam o local há pelo menos quatro meses, segundo os funcionários.

Não há propriedades rurais registradas em nome de Buratti ou de seus familiares em Pedregulho, segundo levantamento feito pela Folha no cartório do município.

Rogério Buratti é investigado por suposto envolvimento com o caso Waldomiro Diniz. A contratação de uma empresa sua, a BBS Consultores Associados, teria sido imposta pelo ex-assessor parlamentar do ministro José Dirceu (Casa Civil) como condição para que a empresa de informática GTech Brasil conseguisse renovar um contrato de R$ 650 milhões por um prazo de 25 meses com a CEF (Caixa Econômica Federal).

Buratti foi assessor parlamentar de José Dirceu na década de 80 e foi secretário de Governo do hoje ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Em 94, saiu após uma denúncia de favorecimento.

Na fazenda, os promotores apreenderam notas fiscais de compras de suplementos agrícolas em nome de Buratti, no valor aproximado de R$ 100 mil, canhotos de talões de cheques e um papel sobre gastos de US$ 200 em Las Vegas (EUA). Esse gasto teria sido feito por meio de uma conta CC5 (para residentes no exterior).

A propriedade está sendo tocada pelo cunhado de Buratti, Jorge Gonçalves, 38. Um Santana registrado em nome do consultor estava estacionado na fazenda.

Primeiro, Gonçalves disse aos promotores que a propriedade era arrendada. Depois, não soube dizer à reportagem se a fazenda estava registrada em nome de Buratti ou qual seu valor estimado.

Localizado ontem pela Folha, Ivo Coutinho Elias, empresário de Franca (SP), disse que arrendou a propriedade para Buratti, mas não soube afirmar o valor do negócio. Argumentou que precisava ter o contrato em mãos para isso.

Elias explicou que Buratti o procurou para discutir arrendamento ou compra da área, que, para o empresário, está avaliada em R$ 500 mil. Para o Ministério Público, ela pode passar de R$ 1 milhão.

O caseiro Eurípedes Alves, 45, contou que o ex-secretário de Palocci assumiu a propriedade há cerca de quatro meses. Ele recebe R$ 450 mensais, sempre em dinheiro, da mulher de Buratti, Elza Siqueira Gonçalves.

Buratti, segundo levantamento feito em cartórios e dados do Ministério Público, tem um patrimônio declarado de pelo menos R$ 1,4 milhão --sem contar a fazenda. Em 1994, na comissão de sindicância que investigava suposto tráfico de influência na Prefeitura de Ribeirão, ele declarou ter patrimônio de R$ 13 mil no dia 1º de janeiro de 1993, quando o prefeito Antonio Palocci assumiu.

Desde sua saída da prefeitura, em outubro de 94, Buratti trabalhou cinco anos como consultor da empreiteira Leão Leão. Pediu afastamento do cargo de vice-presidente na semana passada.

É a segunda blitz que o Ministério Público realiza em endereços ligados a Buratti.
 

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