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09/09/2000 - 11h29

Garotinho não cumpre "factóides"

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LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Folha de S.Paulo

Radialista e publicitário, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, gosta de lidar com a mídia e criar fatos para ocupar o noticiário. Mas nem sempre o que aparece impresso nos jornais como promessa do governador sai do papel.

Ao ser eleito em 1998, Garotinho chegou a dizer que iria convidar o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PPS) para ser o seu secretário de Fazenda.

Nunca fez o convite a Ciro Gomes que, pouco depois, o próprio Garotinho reconheceu que não era para valer.

Na segunda-feira (4), o governador disse que apresentaria emenda a uma lei obrigando que 30% da remuneração paga aos detentos que tenham sido condenados por homicídio seja repassada às famílias das vítimas. Advogados e parlamentares disseram que a medida seria inconstitucional.

"É da natureza do Garotinho criar "factóides". Não há um dia em que esse menino não faça isso. Ele gosta de ocupar espaço na mídia", critica o ex-governador Marcello Alencar (PSDB), antecessor do pedetista.

"Ele é um fenômeno dos tempos atuais. É um homem do espetáculo e um comunicador de grande força em uma sociedade de espetáculo. E é um populista nato", afirma.

Adversário de Garotinho nas eleições de 1998, o petebista Cesar Maia -que disputa a eleição para prefeito do Rio - foi quem popularizou o termo "factóide".

Hoje, contudo, o ex-prefeito critica seu uso e o que ele considera um desvirtuamento de seu conceito pela mídia como algo negativo. Ele afirma ter aposentado o artifício, que o levou a ganhar a alcunha de "maluco" -por atos como pedir um sorvete em um açougue.

Embora tenha preferido não falar à Folha para a reportagem, Cesar Maia já reconheceu que o governador do Rio é um adepto do "factóide".

"Ele governa como quem está em um programa de rádio das 9h às 12h. Ele tem que ficar se renovando para conquistar a audiência", disse, no início da campanha eleitoral deste ano.

Alencar também vê em Garotinho o sucessor de Maia na exploração de "factóides". Admite, entretanto, que o atual governador é hábil ao usá-los e que, com isso, consegue se aproveitar de situações adversas.
"Ele é do tipo que consegue fazer do limão uma limonada", afirma o ex-governador.

Outro lado

Na ausência do governador (que está em viagem particular), o secretário de Governo, Fernando William, faz sua defesa e rejeita o uso dos "factóides".

Ele reconhece que, muitas vezes, o governador do Rio apresenta propostas e depois trabalha junto à assessoria jurídica para saber se é viável.

"Ele lança uma idéia para a sociedade, para que a sociedade se mobilize pela implantação ou não. É algo democrático", afirma William.

"O termo "factóide" é pejorativo", justifica ele, para rechaçar seu uso pelo governador.

O próprio Aurélio, entretanto, já incorporou a definição em sua última edição. "Fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo, no propósito deliberado de gerar impacto diante da opinião pública e influenciá-la".

Sobre os projetos prometidos por Garotinho, William diz que vários estão em andamento.

O restaurante na Central do Brasil com refeições a R$ 1 estaria em fase de licitação.

O projeto de extensão do metrô até a Barra da Tijuca estaria sendo elaborado.

O programa Bolsa-Escola já estaria atendendo 6.000 famílias, embora o governo reconheça que o projeto de assistência social Cheque-cidadão -coordenado majoritariamente por pastores evangélicos - tenha sido priorizado.

A regulamentação das vans está sendo rediscutida. "Muita coisa é recente e estamos nos empenhando para viabilizar. As coisas não saem com um estalar de dedos", diz William.


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