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30/03/2004 - 05h43

Reforma agrária é uma vergonha, afirma Stedile

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Principal ideólogo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o economista João Pedro Stedile, 50, afirmou que a política de reforma agrária do governo Luiz Inácio Lula da Silva é uma "vergonha". Segundo ele, o governo ainda não transformou a questão em "prioridade".

Stedile, um dos fundadores do MST, em 1984, disse que a "paralisia" governamental gera "grande tensão" entre as famílias sem terra acampadas. Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), há 200 mil delas no país.

"A reforma agrária está paralisada. [...] Nós temos Estados, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo, nos quais o governo Lula não assentou em 15 meses nenhuma família. Isso não só é lento, é uma vergonha", disse à Folha por e-mail. "O MST fez um acordo com o governo e acredita que o governo tenha vontade política de assentar 400 mil famílias acampadas nesses três anos [até o fim de 2006]. Nós aceitamos essa meta. Mas, por incrível que pareça, não está havendo mudanças. Ninguém consegue explicar", disse.

Integrante da coordenação nacional do MST, o economista gaúcho declara que o governo ainda precisa se "convencer" de que a reforma agrária é uma forma de "enfrentar o desemprego e a pobreza no meio rural". "E transformar isso numa prioridade de governo, coisa que até agora não aconteceu."

No final de semana o MST iniciou uma onda de invasões no país, batizada de "jornada de luta", para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás (PA), em 1996, quando 19 trabalhadores rurais foram assassinados por policiais militares.

"O próprio governo sabe que, sem mobilizações de massa, não terá forças suficientes para implementar mudanças. Portanto, as mobilizações de massa podem até ajudar o governo a ter força para fazer mudanças reais na política econômica e recolocar as prioridades sociais no centro da política", afirmou Stedile.

O MST promete não invadir prédios públicos durante a "jornada", o que, segundo Stedile, não significa uma ausência de pressão ao Incra e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
 

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