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19/04/2004 - 08h11

Mortes de garimpeiros em RO teriam ocorrido a 2 km do conflito

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Pimenta Bueno (RO)
SILVANA DE FREITAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A Polícia Federal suspeita que os últimos 26 garimpeiros encontrados mortos na terra indígena Roosevelt, em Espigão D'Oeste (534 km de Porto Velho), tenham sido amarrados pelos índios cinta-larga e levados para um local a 2 km da área onde extraíam diamantes (ou a três horas e meia de caminhada). Lá, de acordo com a PF, foram assassinados.

Os 26 corpos foram achados na sexta-feira pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e policiais florestais (da PM de Rondônia) que fiscalizam a área indígena.

Ontem, três peritos da PF fizeram um levantamento das condições dos corpos e do local onde ocorreu o crime. Eles chegaram de helicóptero a uma clareira aberta na mata perto do local onde foram achados os corpos.

Na volta, trouxeram lanças, provavelmente retiradas dos corpos. O material foi levado para perícia a ser feita em Porto Velho.

Com a localização de mais 26 corpos, subiu para 29 o número de mortos no conflito entre índios cinta-larga e garimpeiros ocorrido no último dia 7, na área indígena. Hoje, os corpos devem seguir para uma cidade vizinha à reserva, ainda não definida pela PF.

O delegado federal Mauro Sposito relatou, no final da tarde de sábado, ao juiz Murilo Fernandes de Almeida, da 2ª Vara Federal de Porto Velho, uma hipótese sobre como ocorreram os assassinatos:

1) cerca de 150 garimpeiros foram atacados pelos cinta-larga onde extraíam diamantes; 2) no local, os índios mataram três. Os corpos deles foram os primeiros a ser resgatados, no dia 11; 3) ao menos outros 26 garimpeiros foram capturados. Amarrados, foram levados a 2 km do local do ataque e, horas depois, foram mortos; 4) os últimos assassinatos ocorreram porque os garimpeiros se desamarraram e ameaçaram os índios mais jovens, que os vigiavam; 5) os mais velhos deixaram os mais novos para perseguirem garimpeiros que fugiram pela mata;
Segundo o sindicato dos garimpeiros, ainda há 35 desaparecidos.

O juiz Almeida disse à Agência Folha que provavelmente o massacre de garimpeiros será julgado pela Justiça Federal em Rondônia.

Pacificação

O Ministério da Justiça está enviando policiais federais e servidores da Funai a Rondônia, numa operação emergencial de pacificação e desarmamento para tentar evitar um novo conflito.

A assessoria do ministério informou que alguns policiais já foram enviados na semana passada. Outros poderão ser deslocados nos próximos dias. Eles também estão encarregados de ajudar na localização de corpos.

Os policiais tentarão identificar focos de mineração e convencer os garimpeiros a deixar a área dos cinta-larga, rica em diamantes. Os funcionários da Funai irão atuar diretamente com os índios.

Segundo a assessoria, já existem conversas entre os ministérios da Justiça e de Minas e Energia para criar uma política de exploração dos recursos do solo de terras indígenas. Essas áreas pertencem à União e, por isso, somente ela poderia explorar os seus recursos naturais. Entretanto, falta a regulamentação dessa atividade.
 

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