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19/04/2004 - 19h33

PF resgata corpos de garimpeiros em reserva

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Pimenta Bueno (RO)

Com uma rede e um helicóptero, a PF (Polícia Federal) retirou no final da manhã de hoje 26 corpos de garimpeiros da terra indígena dos cinta-larga, em Espigão d'Oeste (534 km de Porto Velho). O delegado Mauro Sposito confirmou o número de mortos. Índios mataram os garimpeiros na disputa por diamantes extraídos na área, segundo a PF.

Sposito disse que continuam as buscas por mais corpos, Para o Sindicato dos Garimpeiros de Espigão d'Oeste, "com certeza", mais 35 homens foram mortos por índios na área. A PF não tem um número de desaparecidos.

Enrolados em lonas amarelas, os corpos resgatados ontem foram levados de helicóptero de uma clareira na mata, na terra indígena, até a pista de pouso localizada ao lado de uma usina de extração de calcário, em Pimenta Bueno. O local fica a 35 km da entrada da área indígena.

O helicóptero fez duas viagens. Em cada uma delas, levou 13 corpos suspensos no ar em uma rede de corda de 5 metros por 5 metros.
Na pista, oito policiais militares puseram um a um os cadáveres dentro de um avião monomotor da Polícia Federal.

Essa aeronave fez duas viagens entre a pista da usina e o aeroporto de Ji-Paraná, localizado a 190 km do local, para levar os corpos.

De Ji-Paraná, os cadáveres foram transportados em um caminhão-baú para o IML (Instituto Médico Legal) de Porto Velho, onde não haviam chegado até 19h30 (horário de Brasília).

Estava prevista para as 20h de ontem a saída de Espigão d'Oeste de um ônibus com familiares de garimpeiros para fazer o reconhecimento dos corpos.

"Será muito, se reconhecerem três dos 26 mortos. Eles foram mutilados", disse Gilton Muniz, presidente do sindicato dos garimpeiros.

A Agência Folha acompanhou parte do transporte dos corpos. A operação começou às 10h e terminou às 14h40.

Pelo menos três corpos estavam reduzidos a ossos a julgar pelo volume dentro da lona.

Sposito e o superintendente da PF em Rondônia, Marcos Aurélio Moura, não revelaram detalhes da operação nem o local onde os helicópteros pousariam.

Por essa razão, a reportagem chegou à pista de pouso e decolagem quando os últimos 13 corpos estavam sendo colocados no avião pelos policiais.

Funai

O sertanista Apoena Meireles, designado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) para acompanhar o conflito, informou no final da tarde de domingo que as lideranças indígenas não aceitaram falar com a reportagem.

Meireles não negou que os índios tenham matado os garimpeiros, mas não quis dar entrevista.

O confronto ocorreu no dia 7 dentro da terra indígena. Além dos 26 corpos, outros três tinham sido resgatados no dia 11 pela PF.

Obstáculos

No dia 15, a Agência Folha obteve do juiz Murilo Fernandes de Almeida, da 2ª Vara de Porto Velho, uma autorização para fazer "o sobrevôo e reportagem" na terra dos índios cinta-larga.

Mesmo assim, a PF não deixou a reportagem ir ao local onde os corpos estavam, alegando que faltava lugar no helicóptero.

Desde quinta-feira passada, os policiais sobrevoavam a área em busca de corpos, mas foi a Funai e a Polícia Florestal, responsável por fiscalizar a reserva indígena, que localizaram os 26 cadáveres na sexta-feira.
 

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