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05/05/2004 - 23h14

Lideranças indígenas autorizam garimpeiros a entrar em reserva em MT

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Duas lideranças dos índios caiapós autorizaram um grupo de 12 garimpeiros a entrar na reserva indígena, situada na divisa do Pará com Mato Grosso, para extrair ouro, de acordo com a Polícia Federal e a Funai (Fundação Nacional do Índio).

Hoje um helicóptero do Exército, com dez militares, quatros delegados e um perito da PF, pousou na terra indígena para verificar a dimensão do garimpo, descoberto pela Funai há uma semana. A operação começou às 13h (horário de Brasília) e terminou às 18h.

"Os índios da aldeia Pucanu deram autorização à revelia dos da aldeia Kokraimoro, que não gostaram e queriam trucidar os garimpeiros", afirmou ontem o superintendente da PF em Belém, José Ferreira Sales.

O caso é semelhante ao que resultou em conflito em Rondônia. De 2000 a 2002, garimpeiros "brancos" atuaram na terra indígena Roosevelt com autorização dos índios.

O garimpo cresceu e chegou a ter 5.000 não-índios extraindo diamantes no local. Os índios perderam controle da situação e solicitaram ajuda da Funai, que em janeiro de 2003 expulsou os garimpeiros com auxílio da PF.

Em agosto passado, os cintas-largas retomaram o garimpo. Mesmo em menor escala, os "brancos" voltaram a atuar na reserva. Em 7 de abril, num conflito com os cintas-largas, 29 garimpeiros foram mortos dentro da terra Roosevelt.

Sobreviventes da chacina disseram à Agência Folha que os índios tinham dado autorização para eles entrarem na área. Os cintas-largas negam.

"Ingenuidade"

No caso dos caiapós de Mato Grosso e Pará, a Funai confirmou hoje que os índios Bekrê e Royal deram a autorização para os garimpeiros. O administrador substituto da Funai, Luis Carlos da Silva Sampaio, disse que houve "ingenuidade dos índios, que ainda são jovens".

No local do garimpo autorizado pelos caiapós, há duas pistas de pouso clandestinas, oito balsas e dragas.

Segundo Sampaio, a extração de ouro ocorria havia pelo menos 60 dias. "Foi quando os índios começaram a ver movimento de aviões", disse Sampaio.

Sales afirmou que o empresário Santídio Nunes, de Redenção (PA), entregou anteontem à PF uma autorização por escrito assinada pelos índios Bekrê e Royal, permitindo a entrada dos garimpeiros.

Nunes informou que, após a descoberta do garimpo pela Funai e a ameaça dos índios de matar os garimpeiros, o grupo foi retirado de avião da área.

O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, pediu apoio do Exército devido à greve dos policiais federais, informou Sales.

A terra indígena dos caiapós, segundo a Funai, possui 15 milhões de hectares, ou seja, cem vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Na área, vivem cerca de 8.000 índios.
 

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