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08/05/2004 - 06h57

Maluf atribui denúncia a interesse eleitoral

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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Editor de Brasil da Folha de S.Paulo

O ex-prefeito Paulo Maluf atribui a interesses político-eleitorais a divulgação de um documento em que sua assinatura aparece na abertura de uma conta bancária na Suíça, em 1985. Maluf não admite que a assinatura seja sua: "Não sei, não me lembro".

Segundo ele, deve-se perguntar quem se beneficiaria com seu enfraquecimento na corrida pela prefeitura paulistana.

Segundo a última pesquisa do Datafolha, do final de março, Maluf aparece na liderança, tecnicamente empatado com o tucano José Serra (24% contra 22%). Nesse cenário, a prefeita Marta Suplicy (PT) tem 17%. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Embora não admita publicamente, a Folha apurou que Maluf será candidato à sucessão em São Paulo e apenas aguarda o momento adequado de dizê-lo.

Folha - O senhor viu o "Jornal Nacional"?

Paulo Maluf
- Eu não vi porque estou aqui com visita, mas o Adilson [Laranjeira, assessor] me contou que a única coisa que mostraram foi um cartão de assinatura bancária.

Folha - Uma assinatura que seria do senhor.

Maluf
- Eles atribuem a mim, e eu não sei se é minha.

Folha - É ou não é?


Maluf
- Não sei. Não sei. Não sei.

Folha - O senhor não se lembra de ter assinado isso?

Maluf
- Não, não tenho nenhuma lembrança de ter assinado. A assinatura é de dez anos atrás. Não lembro. Em primeiro lugar é o seguinte: não tenho conta na Suíça. E tem mais: desafio -desafio fica um pouco forte-, eu assumo o compromisso do primeiro que encontrar qualquer depósito na minha conta na Suíça a ficar com o dinheiro.

Folha - O sr. diz isso?

Maluf
- É. Desafio parece uma bravata. Mas você está autorizado: passo uma escritura para o primeiro que encontrar meu dinheiro na Suíça. Vai ficar com ele. Estou há sete anos fora da prefeitura, não recebi sobre esse assunto nenhum processo de improbidade administrativa. A primeira pergunta que eu faço é a seguinte: por que o promotor Silvio Marques não me processa?

Folha - Por que não o denuncia formalmente, é isso?

Maluf
- Por que ele não me denuncia? Por que que ele fica num ato de covardia e de crime funcional dando documentos eventuais, que ninguém sabe a procedência, que nem eu sei, porque meus advogados não têm acesso ao processo? Na Justiça, o advogado tem acesso. Lá [no Ministério Público] o promotor Silvio Marques esconde o processo. Mas, muito bem, por que que não me denuncia? Há sete anos estou fora. Agora, por que eu causo inveja?

Folha - O senhor é candidato à sucessão de Marta Suplicy?

Maluf
- Aí vai a história: o Datafolha faz uma pesquisa e me dá 24%, 22% para o Serra [José, presidente do PSDB] e 17% para a Marta. Não tenho nenhum processo de improbidade administrativa aberto pelo senhor Marques, mas o que eles fazem? Fazem política eleitoral, o que é lastimável. Porque eu tenho o maior apreço pelo Ministério Público. Inclusive no governo do Estado, quis a isonomia entre o Ministério Público e a Justiça, para elevar o salário dos membros do Ministério Público.

E o Ministério Público tem promotores e procuradores maravilhosos. Um ou outro usa o Ministério Público de maneira política e se esconde atrás da sua estabilidade no emprego para dar com exclusividade -deu para a Rede Globo e para "Veja"- documentos a que eu não tive acesso. Então, isso, no meu entender, não é um ato de investigação. É um ato de covardia.

Folha - O senhor vê algum interesse político, alguém por trás dessa denúncia?

Maluf
- Sim. Eu recebi, não vou dar o nome, mas se precisar eu dou, um telefonema, faz duas horas, de um deputado federal de Brasília que me disse exatamente quem estava por trás disso.
É um dos políticos mais conhecidos deste país. O deputado me disse: "Eu sei quem esteve na revista "Veja", dando os dados. E sei quem esteve há dois dias na Rede Globo. É o mesmo fulano".

Folha - Quem é?

Maluf
- Eu não posso lhe dar o nome, porque eu não tenho provas. Se eu tivesse provas eu processaria o fulano. Mas eu acho que os leitores da Folha e você vão intuir quem é que tem interesse.

Folha - Interesse na eleição de São Paulo, alguém com interesse no processo eleitoral?

Maluf
- Muito bem, tem um velho ditado em latim que diz Cui prodest? [A quem beneficia?]: A quem isso beneficia? Se eu estivesse em último lugar nas pesquisas, ninguém estaria preocupado em dizer mentiras a meu respeito. Agora, quero que você diga o seguinte: faço por meio desta declaração gravada na Folha de S.Paulo uma escritura: o primeiro que achar o dinheiro é dele.

Folha - Será registrado. O sr. vai ser candidato?

Maluf
- Eu não posso dizer hoje, neste minuto, que eu sou candidato, porque parece que eu sou candidato porque me provocaram. Se eu for candidato, eu tenho outras razões. Primeiro: porque eu amo São Paulo. Segundo: por tudo que eu estou vendo, no orçamento, nas nomeações, no trânsito horroroso, na saúde pública ruim.

Folha - O sr. tem uma avaliação negativa da gestão Marta?

Maluf
- Eu não, o Datafolha tem. Então, por tudo isso, por meu amor a São Paulo, eu tendo estímulo de ser candidato. Vou decidir entre o fim de maio e o começo de junho. Não tem porque eu me decidir antes. Agora, não é porque me agrediram, não é essa provocação que me estimula. O que me estimula não é o ódio, nem o rancor. O que me estimula na minha vida foi sempre o amor que eu tive por São Paulo.

Fiz uma administração que não sou eu quem avalia, quem avaliou foi o Datafolha que quem fez por São Paulo foi Paulo Maluf. Isso me estimula.

Folha - O sr. disse "Cui prodest?". Aos tucanos?

Maluf
-Ah, não sei. Eu acho que os leitores da Folha são gente da mais alta categoria, de Q.I. intelectual. A gente vê pela qualidade das cartas de leitores que a Folha recebe e publica no "Painel do Leitor". Eles saberão a quem essa campanha sórdida beneficia.

Folha - O "JN" exibiu um documento de um alemão, Gunther Woernle, de março de 1989, que teria dito que estaria abrindo uma subconta no nome do filho do sr. Flávio Maluf, de US$ 375 mil.

Maluf
- Coitado do Flávio [rindo]. Você tira três zeros, põe em cruzeiros antigos, ele não tem isso. O Flávio é um empresário profissional, que trabalha na empresa na qual eu sou acionista majoritário.
 

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