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14/05/2004
-
07h31
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Ao retornar hoje da Suíça, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai insistir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que revogue o cancelamento do visto do jornalista Larry Rohter, do "New York Times". Ele deverá apresentar alternativas a Lula e dizer que é insustentável juridicamente o cancelamento, segundo apurou a Folha junto a interlocutores do ministro.
Os auxiliares do presidente que defendem o recuo apostam suas últimas fichas no ministro da Justiça. Um deles disse que, se Thomaz Bastos estivesse no país, a medida não teria sido adotada.
Thomaz Bastos ainda mantém negociação com o jornal para algum tipo de retração. Anteontem, obteve uma carta do advogado do "New York Times", mas Lula a recusou. Ontem, tentava "melhorar" a tal carta e acertar a publicação de uma reportagem feita por outro jornalista do veículo, Barry Bearak, que deveria ser "equilibrada" em relação à de Rohter, publicada no último domingo, sobre suposto excesso de Lula no consumo de álcool.
Se essas negociações falharem, Thomaz Bastos pretende propor a Lula que troque o cancelamento do visto por uma ação judicial indenizatória nos EUA. O primeiro argumento para adotar essa saída é o de que um ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) já deixou claro que o cancelamento do visto não terá amparo legal. O Tribunal concedeu, ontem, liminar permitindo que Larry Rohter possa permanecer no país e continuar trabalhando.
Essa alternativa levou a AGU (Advocacia Geral da União) a não se pronunciar até as 19h15 sobre o que faria em relação à liminar do ministro do STJ a favor de Rohter. Normalmente, a AGU recorreria de imediato. Mas ainda se analisava o que fazer.
Clima tenso
Preocupado com a ameaça de demissão do ministro, que disse anteontem a auxiliares que poderia adotar essa medida em caso extremo e que a usou como forma de pressão nos bastidores, Lula pediu que um assessor seu falasse com Thomaz Bastos.
O auxiliar ouviu de Thomaz Bastos que ele não deseja sair. Anteontem, porém, o ministro foi claro com interlocutores: não quer o cancelamento do visto de Rohter no seu currículo e estava disposto até a deixar o governo.
As articulações de Thomaz Bastos esbarravam ontem na opinião de auxiliares e ministros influentes, como José Dirceu (Casa Civil), que diziam que o estrago já estava feito e que seria pior recuar. O presidente, que deu sinais de incômodo com o tamanho da péssima repercussão, ainda tendia a não arredar o pé.
"Foi a decisão mais errada da carreira do Lula. Pela primeira vez, ele tinha mídia inteira a favor dele. E pela primeira vez colocou a mídia inteira contra ele", desabafou um auxiliar presidencial.
Ontem permanecia entre ministros e auxiliares uma clima de muita divisão. Houve acusação de que membros do governo vazaram informações para a mídia a fim de prejudicar uns aos outros.
Thomaz Bastos vai insistir para que Lula revogue expulsão de repórter
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Ao retornar hoje da Suíça, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai insistir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que revogue o cancelamento do visto do jornalista Larry Rohter, do "New York Times". Ele deverá apresentar alternativas a Lula e dizer que é insustentável juridicamente o cancelamento, segundo apurou a Folha junto a interlocutores do ministro.
Os auxiliares do presidente que defendem o recuo apostam suas últimas fichas no ministro da Justiça. Um deles disse que, se Thomaz Bastos estivesse no país, a medida não teria sido adotada.
Thomaz Bastos ainda mantém negociação com o jornal para algum tipo de retração. Anteontem, obteve uma carta do advogado do "New York Times", mas Lula a recusou. Ontem, tentava "melhorar" a tal carta e acertar a publicação de uma reportagem feita por outro jornalista do veículo, Barry Bearak, que deveria ser "equilibrada" em relação à de Rohter, publicada no último domingo, sobre suposto excesso de Lula no consumo de álcool.
Se essas negociações falharem, Thomaz Bastos pretende propor a Lula que troque o cancelamento do visto por uma ação judicial indenizatória nos EUA. O primeiro argumento para adotar essa saída é o de que um ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) já deixou claro que o cancelamento do visto não terá amparo legal. O Tribunal concedeu, ontem, liminar permitindo que Larry Rohter possa permanecer no país e continuar trabalhando.
Essa alternativa levou a AGU (Advocacia Geral da União) a não se pronunciar até as 19h15 sobre o que faria em relação à liminar do ministro do STJ a favor de Rohter. Normalmente, a AGU recorreria de imediato. Mas ainda se analisava o que fazer.
Clima tenso
Preocupado com a ameaça de demissão do ministro, que disse anteontem a auxiliares que poderia adotar essa medida em caso extremo e que a usou como forma de pressão nos bastidores, Lula pediu que um assessor seu falasse com Thomaz Bastos.
O auxiliar ouviu de Thomaz Bastos que ele não deseja sair. Anteontem, porém, o ministro foi claro com interlocutores: não quer o cancelamento do visto de Rohter no seu currículo e estava disposto até a deixar o governo.
As articulações de Thomaz Bastos esbarravam ontem na opinião de auxiliares e ministros influentes, como José Dirceu (Casa Civil), que diziam que o estrago já estava feito e que seria pior recuar. O presidente, que deu sinais de incômodo com o tamanho da péssima repercussão, ainda tendia a não arredar o pé.
"Foi a decisão mais errada da carreira do Lula. Pela primeira vez, ele tinha mídia inteira a favor dele. E pela primeira vez colocou a mídia inteira contra ele", desabafou um auxiliar presidencial.
Ontem permanecia entre ministros e auxiliares uma clima de muita divisão. Houve acusação de que membros do governo vazaram informações para a mídia a fim de prejudicar uns aos outros.
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