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14/05/2004
-
08h03
da Folha de S.Paulo
A decisão do governo brasileiro de expulsar do país o correspondente do "New York Times" Larry Rohter repercutiu ontem na imprensa internacional, que chegou a comparar a atitude com a maneira de agir de ditaduras.
A revista "The Economist" e o jornal "Financial Times", dois veículos britânicos entre os mais prestigiados do jornalismo econômico mundial, criticaram a medida do governo Lula, tomada em reação à reportagem que afirma que o hábito de beber do presidente é preocupação nacional.
A revista diz que dúvidas sobre a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm pouco a ver, na verdade, com os rumores sobre seu suposto hábito de beber, mas que a resposta dada por ele "imitou a forma de as ditaduras lidarem com seus críticos e o transformou de vítima em agressor".
O texto da "Economist" começa relatando que a revista pretendia usar aquele espaço para tratar do combate ao crime no Rio, mas que foi obrigada a rever isso após a decisão brasileira de expulsar um jornalista. Com a medida, continua, Lula forçou a imprensa mundial a prestar atenção "numa história embaraçosa que, de outra maneira, teria sido esquecida".
A atitude do presidente, define o texto, é "triste e irônica", já que Lula, como outros líderes de seu partido, combateu a ditadura militar, na qual ocorreu a última expulsão de um jornalista no país.
A decisão, diz a "Economist", causou estardalhaço e veio num momento ruim, após uma derrota importante do governo no Congresso. Segundo a revista, o presidente pode rever a medida, mas o estrago já está feito. "A expulsão levanta mais dúvidas sobre a capacidade de julgamento de Lula do que qualquer coisa que o jornalista escreveu", justifica.
Já o "Financial Times" afirmou que a decisão de expulsar Rohter transformou "o que começou como uma reportagem que foi quase universalmente ridicularizada" num "incidente diplomático". Para o jornal, foi um "tiro no pé".
A medida, diz, gerou acusações ao governo de ser incompetente, paranóico e autoritário e de infringir a liberdade de imprensa.
A reportagem, programada para ser publicada hoje, relata que o "NYT" defendeu seu jornalista e que, em encontro com senadores, Lula admitiu que poderia rever a expulsão se o diário se retratar.
Nos EUA, o jornal "Los Angeles Times", um dos principais do país, fez um trocadilho jocoso, dizendo que o governo Lula já estava acostumado a críticas de que é pobre em experiência ("thin on experience"), em idéias ("thin on ideas") e em realizações ("thin on achievements"). Agora, é acusado de ser sensível ("thin-skinned").
Na Argentina, o diário "Clarín" destacou as críticas do Departamento de Estado dos EUA à decisão brasileira de banir Rohter.
"The Economist" afirma que Lula imitou ditaduras
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A decisão do governo brasileiro de expulsar do país o correspondente do "New York Times" Larry Rohter repercutiu ontem na imprensa internacional, que chegou a comparar a atitude com a maneira de agir de ditaduras.
A revista "The Economist" e o jornal "Financial Times", dois veículos britânicos entre os mais prestigiados do jornalismo econômico mundial, criticaram a medida do governo Lula, tomada em reação à reportagem que afirma que o hábito de beber do presidente é preocupação nacional.
A revista diz que dúvidas sobre a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm pouco a ver, na verdade, com os rumores sobre seu suposto hábito de beber, mas que a resposta dada por ele "imitou a forma de as ditaduras lidarem com seus críticos e o transformou de vítima em agressor".
O texto da "Economist" começa relatando que a revista pretendia usar aquele espaço para tratar do combate ao crime no Rio, mas que foi obrigada a rever isso após a decisão brasileira de expulsar um jornalista. Com a medida, continua, Lula forçou a imprensa mundial a prestar atenção "numa história embaraçosa que, de outra maneira, teria sido esquecida".
A atitude do presidente, define o texto, é "triste e irônica", já que Lula, como outros líderes de seu partido, combateu a ditadura militar, na qual ocorreu a última expulsão de um jornalista no país.
A decisão, diz a "Economist", causou estardalhaço e veio num momento ruim, após uma derrota importante do governo no Congresso. Segundo a revista, o presidente pode rever a medida, mas o estrago já está feito. "A expulsão levanta mais dúvidas sobre a capacidade de julgamento de Lula do que qualquer coisa que o jornalista escreveu", justifica.
Já o "Financial Times" afirmou que a decisão de expulsar Rohter transformou "o que começou como uma reportagem que foi quase universalmente ridicularizada" num "incidente diplomático". Para o jornal, foi um "tiro no pé".
A medida, diz, gerou acusações ao governo de ser incompetente, paranóico e autoritário e de infringir a liberdade de imprensa.
A reportagem, programada para ser publicada hoje, relata que o "NYT" defendeu seu jornalista e que, em encontro com senadores, Lula admitiu que poderia rever a expulsão se o diário se retratar.
Nos EUA, o jornal "Los Angeles Times", um dos principais do país, fez um trocadilho jocoso, dizendo que o governo Lula já estava acostumado a críticas de que é pobre em experiência ("thin on experience"), em idéias ("thin on ideas") e em realizações ("thin on achievements"). Agora, é acusado de ser sensível ("thin-skinned").
Na Argentina, o diário "Clarín" destacou as críticas do Departamento de Estado dos EUA à decisão brasileira de banir Rohter.
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