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25/05/2004
-
19h39
RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília
Apesar de admitir que há "pecados" na Ágora, o bispo de Duque de Caxias (RJ), Dom Mauro Morelli, acusou hoje as empresas de comunicação e o Ministério Público de tentarem transformar a ONG (organização não governamental) em um "monstro". A Ágora, cujo o atual presidente é amigo do presidente Lula, é acusada pelo Ministério Público de usar notas fiscais frias para justificar o gasto de recursos públicos federais.
Dom Mauro, que ocupou a presidência da ONG entre os anos de 1996 e 1999, disse por meio de uma nota, que no último domingo (23) assistiu "estarrecido" a um programa de televisão a respeito do caso.
"A Ágora foi transformada em um novo monstro e seu presidente, o empresário Mauro Farias Dutra, uma reedição de lendárias figuras do sistema de corrupção institucionalizada que é o Estado Brasileiro", declarou o bispo, que atualmente preside o Conselho de Segurança Alimentar de Minas Gerais.
De acordo com a nota, Dom Mauro acusa as empresas e empresários de comunicação que, "por ação ou omissão", participam do processo de desmantelamento da Ágora e de destruição do atual presidente da ONG, Mauro Farias Dutra, que é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Comovem-me empresas e empresários de comunicação que, por ação ou omissão, participam ou participaram de incontáveis processos escusos que permeiam a cultura e a prática do mundo dos negócios e das negociatas políticas, investindo com furor puritano e farisaico contra uma pequena ONG e um empresário [Dutra] comprometido com a justiça, a solidariedade e a cidadania", disse o bispo.
Ministério Público
Também foram feitas acusações contra o Ministério Público, que segundo Dom Mauro está, indevidamente, julgando a Ágora e Dutra. O MP do Distrito Federal entrou ontem com uma ação judicial para que Dutra devolva R$ 887.719,67 ao erário. O dinheiro teria sido desviado por meio de notas frias, segundo as investigações dos procuradores, em 2001.
"Lamentável que motivos desconhecidos levem servidores do Ministério Público a transformar a apuração de corrupção e de crime em alimento de abutres ávidos dos lucros que caracterizam seus negócios e negociatas. A democracia é verdadeira e bela pela diversidade e autonomia dos poderes. Quem apura não julga, quem julga não executa", afirmou Dom Mauro.
De acordo com a investigação dos promotores, a maior parte do dinheiro saiu do Fundo de Amparo do Trabalhador e passou pela Ágora. A ONG deveria tê-lo aplicado na qualificação de trabalhadores do Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul. Como parte das notas são frias, suspeita-se que o dinheiro tenha sido desviado. O Ministério Público também estuda pedir a extinção da ONG.
Pecados
Apesar de admitir que, "certamente há falhas, erros e até pecado" na Ágora, Dom Mauro diz que cabe Conselho Administrativo da ONG apurar as acusações e provar que os recursos foram aplicados nos termos dos convênios firmados. O bispo faz ainda um histórico da atuação da entidade, desde o governo Itamar Franco (1992-1994) até a administração Lula.
Ele destaca como exemplos atividades como a capacitação de jovens com os programas e projetos do Serviço Civil Voluntário, Tele-Curso 2000, Capacitação Solidária e Aprender a Empreender (SEBRAE).
"As ONGs, em sua imensa maioria, não são arapucas e sorvedouros do dinheiro público, mas canais de circulação de recursos coletados como impostos a serviço da cidadania. Viva o Brasil com dignidade e esperança", concluiu Dom Mauro na nota.
Dom Mauro faz críticas à mídia e ao Ministério Público sobre o caso Ágora
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da Folha Online, em Brasília
Apesar de admitir que há "pecados" na Ágora, o bispo de Duque de Caxias (RJ), Dom Mauro Morelli, acusou hoje as empresas de comunicação e o Ministério Público de tentarem transformar a ONG (organização não governamental) em um "monstro". A Ágora, cujo o atual presidente é amigo do presidente Lula, é acusada pelo Ministério Público de usar notas fiscais frias para justificar o gasto de recursos públicos federais.
Dom Mauro, que ocupou a presidência da ONG entre os anos de 1996 e 1999, disse por meio de uma nota, que no último domingo (23) assistiu "estarrecido" a um programa de televisão a respeito do caso.
"A Ágora foi transformada em um novo monstro e seu presidente, o empresário Mauro Farias Dutra, uma reedição de lendárias figuras do sistema de corrupção institucionalizada que é o Estado Brasileiro", declarou o bispo, que atualmente preside o Conselho de Segurança Alimentar de Minas Gerais.
De acordo com a nota, Dom Mauro acusa as empresas e empresários de comunicação que, "por ação ou omissão", participam do processo de desmantelamento da Ágora e de destruição do atual presidente da ONG, Mauro Farias Dutra, que é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Comovem-me empresas e empresários de comunicação que, por ação ou omissão, participam ou participaram de incontáveis processos escusos que permeiam a cultura e a prática do mundo dos negócios e das negociatas políticas, investindo com furor puritano e farisaico contra uma pequena ONG e um empresário [Dutra] comprometido com a justiça, a solidariedade e a cidadania", disse o bispo.
Ministério Público
Também foram feitas acusações contra o Ministério Público, que segundo Dom Mauro está, indevidamente, julgando a Ágora e Dutra. O MP do Distrito Federal entrou ontem com uma ação judicial para que Dutra devolva R$ 887.719,67 ao erário. O dinheiro teria sido desviado por meio de notas frias, segundo as investigações dos procuradores, em 2001.
"Lamentável que motivos desconhecidos levem servidores do Ministério Público a transformar a apuração de corrupção e de crime em alimento de abutres ávidos dos lucros que caracterizam seus negócios e negociatas. A democracia é verdadeira e bela pela diversidade e autonomia dos poderes. Quem apura não julga, quem julga não executa", afirmou Dom Mauro.
De acordo com a investigação dos promotores, a maior parte do dinheiro saiu do Fundo de Amparo do Trabalhador e passou pela Ágora. A ONG deveria tê-lo aplicado na qualificação de trabalhadores do Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul. Como parte das notas são frias, suspeita-se que o dinheiro tenha sido desviado. O Ministério Público também estuda pedir a extinção da ONG.
Pecados
Apesar de admitir que, "certamente há falhas, erros e até pecado" na Ágora, Dom Mauro diz que cabe Conselho Administrativo da ONG apurar as acusações e provar que os recursos foram aplicados nos termos dos convênios firmados. O bispo faz ainda um histórico da atuação da entidade, desde o governo Itamar Franco (1992-1994) até a administração Lula.
Ele destaca como exemplos atividades como a capacitação de jovens com os programas e projetos do Serviço Civil Voluntário, Tele-Curso 2000, Capacitação Solidária e Aprender a Empreender (SEBRAE).
"As ONGs, em sua imensa maioria, não são arapucas e sorvedouros do dinheiro público, mas canais de circulação de recursos coletados como impostos a serviço da cidadania. Viva o Brasil com dignidade e esperança", concluiu Dom Mauro na nota.
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