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25/05/2004 - 21h40

PF prende garimpeiros suspeitos de assassinato de Cinta-Larga

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

A Polícia Federal prendeu hoje em Espigão d'Oeste, no sudeste de Rondônia, os garimpeiros Armindo Conceição da Silva, 57, e seus filhos Cleidson, 26, e William Oliveira Silva, 20.

Eles são acusados do assassinato a tiros do adolescente Moisés Cinta-Larga, 14, no dia 18 passado, em uma estrada distante apenas 400 m da saída da aldeia 14 de Abril, dentro da reserva Roosevelt.
Segundo a PF, Cleidson confessou ter participado do assassinato, e seu pai e seu irmão negaram participação.

A reserva Roosevelt foi o local, em 7 de abril, da morte de ao menos 29 garimpeiros em um conflito com índios cintas-largas motivado pela extração ilegal de diamantes no local.

De acordo com a PF, Armindo e seus filhos exploravam ilegalmente cassiterita nas proximidades da aldeia 14 de Abrile foram expulsos da reserva em março pelos índios. Os três tiveram as prisões temporárias (por 30 dias) decretadas ontem pelo juiz federal Mark Yshida.

Eles foram presos em casa depois que testemunhas reconheceram a moto que, segundo as investigações, foi usada no crime. Na casa, policiais encontraram cinco armas, dez coletes à prova de bala, munição e equipamentos para garimpagem, além dos três capuzes que teriam sido usados também no assassinato.

Os garimpeiros prestaram depoimento em Pimenta Bueno, cidade vizinha de Espigão d'Oeste, ao delegado da PF Mauro Sposito, que dirige as investigações. "Foi uma emboscada que não tinha alvo. Qualquer índio que saísse da aldeia poderia ser morto", afirmou Sposito por telefone.

Moisés Cinta-Larga foi assassinado quando estava na garupa de uma motocicleta, que foi roubada pelo grupo, pilotada pelo não-índio Zedequias Pereira de Souza, que sobreviveu ao ataque. Em depoimento, Souza, que está sob proteção policial, disse que o veículo foi interceptado por três homens armados e encapuzados.

Na ocasião, índios cintas-largas afirmaram que a morte do adolescente, irmão do cacique Aguinaldo Cinta-Larga, era uma vingança de garimpeiros. No dia 11 de maio, Aguinaldo teve a prisão temporária decretada pelo juiz Leonel Pereira da Rocha sob a acusação da mortes de dois garimpeiros dentro da reserva Roosevelt.

O delegado Mauro Sposito é também o responsável pelas investigações do massacre dos 29 garimpeiros. Ontem, ele disse que tomará na próxima semana os depoimentos dos índios cintas-largas suspeitos de participar das mortes de 7 de abril. Os depoimentos estão programados para acontecer nas aldeias, mas não será divulgado o local por medida de segurança.

Os depoimentos, segundo o procurador federal da Funai (Fundação Nacional do Índio), Daniel Farah, são um desejo dos índios para esclarecer os fatos. "Eles querem acertar as contas com a Justiça", diz.
 

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